Política
Lula deve confirmar Alckmin como vice e se prepara para eleição sem aliança com o centrão
Presidente discute composição da chapa de 2026 e articulações estaduais com o PSB, enquanto afasta possibilidade de acordo nacional com partidos do centrão
24/07/2025

Geraldo Alckmin e Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Ricardo Stuckert)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) caminha para confirmar o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) como seu companheiro de chapa na eleição de 2026 e já admite que não contará com o centrão na aliança nacional. A informação foi revelada pela colunista Vera Rosa, do jornal O Estado de S. Paulo. Embora avalie atrair setores isolados de alguns partidos, Lula não trabalha com a hipótese de uma coalizão formal com os blocos liderados por partidos como PP, Republicanos e PSD.
As discussões sobre o novo projeto de reeleição foram aprofundadas durante um almoço nesta quarta-feira (23), no Palácio da Alvorada, com a presença de Alckmin, do prefeito do Recife e presidente do PSB, João Campos, e dos ministros Márcio França (Empreendedorismo) e Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais). O encontro serviu para alinhar estratégias nacionais e palanques estaduais prioritários.
Ao longo dos últimos meses, Alckmin ganhou protagonismo dentro do governo, especialmente ao assumir a coordenação do comitê interministerial que tenta minimizar os impactos do tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros, anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A sobretaxa, que deve entrar em vigor em 1º de agosto, ainda não foi revista pela Casa Branca, apesar das tentativas diplomáticas. O governo prepara um plano de contingência com concessão de crédito a setores afetados pela medida.
Hoje ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Alckmin consolidou sua posição como figura de confiança de Lula. De antigo adversário político, quando era filiado ao PSDB, tornou-se um dos aliados mais próximos do presidente. Lula considera o ex-governador de São Paulo como “o vice ideal” e só cogita mudar a composição da chapa em caso de necessidade tática de última hora.
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Durante a conversa com João Campos, Lula também tratou das disputas regionais em estados-chave como São Paulo, Pernambuco, Maranhão e Paraíba. O PT já decidiu apoiar Campos ao governo de Pernambuco. Em São Paulo, o partido ainda busca uma candidatura viável para enfrentar o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), favorito à reeleição segundo pesquisas. O nome de Márcio França, que deve deixar o ministério em abril, é cogitado como alternativa, embora ainda não haja definição.
Nos bastidores do governo, há uma avaliação de que Tarcísio dificilmente deixará São Paulo para enfrentar Lula em uma disputa nacional, especialmente enquanto o ex-presidente Jair Bolsonaro — hoje réu no Supremo Tribunal Federal por envolvimento na tentativa de golpe — ainda exerce influência decisiva sobre o futuro da direita. Caso Tarcísio não entre na corrida, o nome do governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), aparece como possibilidade, ancorado por sua popularidade regional e pela imagem pública do pai, o apresentador Ratinho.
Alckmin chegou a ser citado como possível candidato ao governo de São Paulo, mas já indicou que não pretende voltar a disputar o Palácio dos Bandeirantes. Uma candidatura ao Senado não está descartada, caso não permaneça na vice, mas esse não é o cenário com o qual Lula trabalha no momento.
As movimentações no MDB também refletem o clima de incerteza: uma ala defende o apoio à reeleição de Lula, outra flerta com candidaturas de direita e há ainda um grupo que aposta em nome próprio para a disputa presidencial. O ministro dos Transportes, Renan Filho, chegou a ser mencionado como possível vice de Lula, mas é mais provável que tente voltar ao governo de Alagoas, que administrou por dois mandatos, entre 2015 e 2022.
Com a provável recondução de Alckmin e o distanciamento em relação ao centrão, Lula traça um caminho político mais claro para 2026: reforçar alianças estratégicas com partidos de centro-esquerda, garantir palanques robustos nos principais estados e evitar dependência de blocos fisiológicos que, embora importantes no Congresso, não oferecem lealdade no plano eleitoral nacional.
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