Economia
Inflação dos alimentos deve piorar até 2035 com avanço da crise climática
Estudo aponta que calor extremo, secas e chuvas intensas aumentaram custos de itens básicos e devem piorar inflação até 2035
06/08/2025

Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Lara Ribeiro
Os problemas climáticos já não são mais uma questão teórica, e seu impacto nas finanças está cada vez mais evidente. Essa foi a informação que a economista-chefe da Galapagos Capital, Tatiana Pinheiro, destacou. Fenômenos como inundações provocadas por rios atmosféricos e o aumento na frequência de tornados e furacões, impulsionados pelo aquecimento das águas oceânicas, demonstram como as mudanças climáticas afetam diretamente a economia global.
No Brasil, a elevação da temperatura média, aliada aos efeitos do El Niño, resultou em uma queda de 6,4%, no ano de 2024, na produção de grãos em comparação a 2023, contribuindo para a alta nos preços dos alimentos.
De acordo com um estudo publicado na revista Nature, temperaturas mais altas podem elevar os preços dos alimentos entre 0,92% e 3,23% ao ano até 2035. Fatores como ondas de calor, chuvas intensas e secas ocasionaram picos nos preços de alimentos básicos entre 2022 e 2024 em 18 países, segundo pesquisa realizada por algumas instituições como Barcelona Supercomputing Center, o Instituto Potsdam e o BCE (Banco Central Europeu).
O relatório mostra que os principais aumentos foram no cacau, com alta de 300%, no repolho na Coreia do Sul, com 70% de aumento, e azeite de oliva na Europa, com 50% de alta.
Além disso, a pesquisa destaca que quem sofre os maiores impactos são famílias de baixa renda, pois necessitam diminuir o consumo de frutas e vegetais mais caros. Os pesquisadores afirmam que o problema vai além da saúde pública e afeta a economia global.
Em 2024, a inflação acumulada na categoria “alimentação e bebidas” foi de 6,44%, sendo 4,29% o índice geral- ou seja, um aumento significativo. Os dados são do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Um dos alimentos que mais encareceram em 2024 foi o café moído, que teve elevações contínuas nos preços ao longo de todo o ano. Acumulando uma inflação de aproximadamente 33%.
Fatores climáticos desempenharam um papel relevante nesse cenário. No Brasil, estados produtores como Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo foram duramente afetados por ondas de calor e estiagens prolongadas. Esses eventos climáticos levaram o café a alcançar um dos patamares mais altos de preço no mercado internacional em quase meio século.
Porém, de acordo com o relatório publicado pelas instituições Barcelona Supercomputing Center, o Instituto Potsdam e o BCE, não é possível prever quais itens serão impactados nem a intensidade dos reajustes. A expectativa é de piora contínua caso não haja uma redução expressiva nas emissões de carbono.
O relatório foi divulgado antes da Cúpula de Sistemas Alimentares da ONU, agendada para 27 de julho, ocasião em que líderes globais debaterão os riscos que ameaçam a segurança alimentar mundial.
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