Cultura
Em parceria com artistas indígenas, Instituto Alok lançará a ‘Coleção SOM NATIVO’ para celebrar o Dia Internacional dos Povos Indígenas
07/08/2025

Por Gabriel Januário
Com objetivo de fortalecer a preservação das línguas originárias e evidenciar sua riqueza musical no Dia Internacional dos Povos Indígenas (9), o Instituto Alok apresenta um novo trabalho composto por oito álbuns de diferentes etnias brasileiras.
Em visita à UNESCO, em Paris, Alok, acompanhado pelo músico Mapu Huni Kuin, apresentou a Coleção SOM NATIVO, composta por sete álbuns inéditos de diferentes etnias brasileiras que se somam ao já lançado O Futuro é Ancestral. Os trabalhos chegam às plataformas de streaming no dia 8 de agosto, celebrando o Dia Internacional dos Povos Indígenas. O objetivo do Instituto Alok é contribuir para amplificar as vozes indígenas, fortalecer a preservação das línguas e culturas originárias. Para acessar os álbuns nas plataformas, busque por Coleção SOM NATIVO.
As gravações mantêm os arranjos autorais, ou seja, sem interferência criativa ou técnica por parte de Alok. “Não participo como produtor musical nesses álbuns, são para o público desfrutar das tonalidades originais desses artistas incríveis. Meu desejo é que possamos gravar novos álbuns no futuro. Há uma fabulosa riqueza musical entre as centenas de etnias indígenas que habitam o Brasil”, diz Alok.
A Coleção SOM NATIVO é uma contribuição do Instituto Alok à Década Internacional das Línguas Indígenas (2020 – 2030) em cooperação com a UNESCO e, uma vez que muitas das línguas estão ameaçadas de extinção, reconhece a música um fator essencial para a sua preservação. Juntos, o Instituto do artista brasileiro e a Unesco compartilham o desejo de explorar possibilidades para criar um vasto acervo com a música dos povos originários dos mais diversos continentes.
“A Coleção Som Nativo é uma expressão importante da força das culturas indígenas e da potência da música como instrumento de preservação linguística, memória ancestral e diálogo com o mundo. A UNESCO se orgulha de caminhar ao lado do Instituto Alok nessa iniciativa, que contribui de forma concreta para a Década Internacional das Línguas Indígenas (2022-2032), ao mesmo tempo em que reforça o nosso compromisso com a diversidade cultural, com os direitos dos povos originários e com a construção de um futuro mais justo, igualitário e sustentável para todos”, pontua Marlova Jovchelovitch Noleto Diretora e Representante da UNESCO no Brasil.
A maioria das faixas foi gravada em idioma nativo. As letras entoadas pelos Guaranis Kaiowás (MS), Kariri Xocós (AL), Huni Kuins (AC), Yawanawas (AC), Guaranis Mbyás (SP), Kaingangs e Guaranis Nhandewas (PR) desenham um mapa sonoro e geográfico brasileiro que alerta o mundo sobre a conexão com a natureza, o cotidiano nas aldeias e séculos de resiliência cultural.
“Minha intenção era que a gravação fosse a mais fiel possível à experiência original, desde os cantos que ecoam até o som dos pés marcando o ritmo no chão. O resultado é um registro que, ao fechar os olhos, faz você se sentir dentro da aldeia”, afirma Jones, produtor musical.
“Na nossa cultura, os mais sábios ensinam as novas gerações. Os cânticos sagrados que tocam a alma das pessoas, falam da importância do respeito à natureza e ao meio ambiente”, diz Everton Lourenço da etnia Guarani Nhandewa.
“Recebemos do criador o dom de cantar alto, assim como as onças e os pássaros. Nós povos amazônicos não temos escrita, então as músicas gravadas nesse álbum vem assegurar a continuidade de nossos conhecimentos e valorizar nossas tradições”, fala do líder indígena Tashka Yawanawa.
No site do Instituto Alok estão as letras traduzidas para o português, espanhol e inglês, assim, as mensagens milenares vão poder ecoar e habitar outras mentes e corações.
Com o lançamento dos sete álbuns, se dá continuidade ao objetivo de contribuir para a inserção artística indígena na sociedade e indústria fonográfica – algo iniciado em O FUTURO É ANCESTRAL que recebeu indicação ao Grammy Latino e que se confirma com a participação do grupo Brô MC’s no festival The Town que acontece em setembro, em São Paulo. “Nosso álbum é a nossa voz, nossa palavra, escutem a nossa origem, escutem a nossa canção”, afirma Clemerson, integrante dos Brô MC’s. É também uma mostra pulsante de empoderamento de suas próprias ancestralidades conectadas ao contemporâneo. “Desde 1500, com a chegada dos portugueses, há um preconceito enorme contra a gente, com os povos indígenas. Falam que o indígena quando usa o rap, perdeu a sua cultura. E, quando a gente mostra a nossa cultura, falam que o indígena é selvagem. Mas a gente vai continuar seguindo, mostrando nossa cultura, nossa arte e nossa tecnologia, que também é cultura”, OWERÁ, da etnia Guarani Mbyá.
Os novos álbuns da Coleção Som Nativo
Hiri Shubu Keneya Bari Bay – Mapu Huni Kuin (Huni Kuin/AC).
Saiti Kayahu – Yawanawa Saiti Kaya (Yawanawa/AC).
Cantos dos Encantos Kariri Xocó – Wyanã Kariri Xocó – Cantos Nativos (Kariri Xocó/AL).
Nhe’e Porã – Guarani Mbyá (Guarani Mbyá/SP).
Retomada – Brô MC’s (Guarani Kaiowá/MS).
Kaingang e Guarani Nhandewa – Participação do movimento “Levante pela Terra” (Kaingang e Guarani Nhandewa/PR).
Kairau Vimiûû – Rasu Yawanawa (Yawanawa/AC).
A coleção SOM NATIVO é uma realização do Instituto Alok com direção de Devam Bhaskar, gestão em parceria com a LOCO Records e distribuição da Altafonte. Arte das capas assinadas por Bruno Machado e Diego Neves. Produção musical de Jones. Produção executiva de Elke Mosca e Fernanda Padrão. Comunicação Janaina Coe. Redes Sociais: Gabriela Alves e Sandro Arakaki. Toda a monetização é revertida para os artistas indígenas participantes.
Os comentários a seguir são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.