O Nordeste é responsável pela concentração de grande parte do rebanho de caprino do país, com um destaque significativo para a Paraíba. O estado ocupa o quinto lugar do ranking nacional, com 848,9 mil cabeças em 2024, logo atrás do Ceará, com 1,14 milhão. Os dados são da Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em setembro.
Os municípios que mais se destacam na concentração do rebanho caprino no estado pertence ao Cariri paraibano, são eles:
- Monteiro – 40,1 mil cabeças
- Sumé – 31,6 mil cabeças
- São João do Tigre – 30,4 mil cabeças
- Serra Branca – 30,1 mil cabeças
Da necessidade ao lucro
Conseguir transformar a necessidade em oportunidade é uma característica marcante do povo brasileiro e a criação de caprinos no Cariri paraibano não é uma exceção à regra. O animal se destacou na região devido a sua resistência a pouca oferta de água, tornando-se mais lucrativo e viável que os bovinos.
Unindo forças
A Capribov e a Capribom são duas cooperativas do Cariri que reúnem caprinocultores da região para produzir para o mercado interno e externo. Ambas iniciaram as atividades no início dos anos 2000 e se tornaram destaques estaduais e nacionais.
(Foto: Lara Ribeiro)
De acordo com Francisco Rubens Remígio, gerente de negócios da Capribom, a cooperativa iniciou comprando cerca de 200 litros de leite de cabra dos produtores das cidades próximas. Atualmente, essa quantidade já é superada até mesmo na produção diária.
“Em 2017, só para vocês terem uma ideia, a Capribom comercializou de leite de cabra 7,76 milhões [litros], em 2024 já 28 milhões por ano. Isso é uma diferença maior do mundo. E agora a gente vai pegar o dado de 2025, que deve passar de 35 milhões”, relatou Francisco.
A gama de produtos que a Capribom produz é diversa e somente de laticínios já são 14 diferenciações – englobando o leite caprino e bovino – que vão desde o leite pasteurizado de cabra até manteiga da terra.
A cooperativa também conta com um abatedouro frigorífico para carne caprina e ovina com e sem osso onde diversos tipos de cortes são comercializados. Reafirmando o não desperdício da caprinocultura, as peles são comercializadas pela Cooperativa Arteza de Cabaceiras, especializada na fabricação de couro e desenvolvimento de peças artesanais.
Ao todo, a cooperativa já emprega 55 trabalhadores. Esse montante varia entre empregados com carteira assinada, diaristas e prestadores de serviço. Além disso, o mercado também gera diretamente 1000 ocupações em todo o município de Monteiro, onde fica localizada a sede da cooperativa.
Desafios
Mesmo com o atual patamar, o sucesso da caprinocultura precisou superar desafios e preconceitos para se concretizar. Henri Pombo, um dos fundadores da Copribov, compartilhou que muitas pessoas apresentavam resistência para consumir o leite de cabra devido ao odor diferente do leite de vaca, que possui o consumo mais tradicional.
(Foto: Lara Ribeiro)
Para conseguir avançar, diversas estratégias precisaram ser traçadas. Entre elas, além das novas tecnologias implantadas, a consicêncização de produtores sobre higienização e biosegurança. Segundo ele, o início não foi fácil, devido ao modo “rústico” com o qual estavam acostumados e não queriam abrir mão.
Nesse processo, os produtores contaram com diversos tipos de auxílio, principalmente do Sebrae através de treinamentos e ensino de boas práticas. Atualmente, o preconceito inicial já foi quase completamente superado, resultando no aumento do número de consumidores.
