O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou nesta quinta-feira (25) que o IPCA-15, considerado a prévia da inflação oficial do país, avançou 0,48% em setembro, revertendo a queda de 0,14% registrada no mês anterior.
No acumulado de 2024, a alta chega a 3,76%, enquanto nos últimos 12 meses o índice atingiu 5,32%, resultado inferior aos 4,95% do período imediatamente anterior. Apesar da aceleração em relação a agosto, a leitura ficou levemente abaixo das projeções de analistas ouvidos pela Reuters, que esperavam alta de 0,51% no mês e 5,36% em 12 meses.
O grupo Habitação foi o principal responsável pela alta do indicador, por conta do aumento de 12,17% na energia elétrica residencial. Essa alta ocorreu com o fim do Bônus de Itaipu, desconto anual aplicado às contas de luz com base no saldo de comercialização da energia da hidrelétrica binacional no ano anterior. O resultado levou o grupo Habitação a registrar avanço de 3,31% em setembro, após queda de 1,13% em agosto.
Em agosto, a energia elétrica havia diminuido 4,93%, período em que ainda vigorava a bandeira tarifária vermelha patamar 2, com cobrança adicional de R$ 7,87 a cada 100 kWh consumidos.
Outros grupos também registraram alta no mês, como Vestuário (0,97%), Saúde e cuidados pessoais (0,36%), Despesas pessoais (0,20%) e Educação (0,03%). Em contrapartida, Alimentação e bebidas (-0,35%), Transportes (-0,25%), Artigos de residência (-0,16%) e Comunicação (-0,08%) apresentaram queda nos preços.
A alimentação no domicílio foi destaque de baixa, com retração de 0,63%, impactada pela forte queda do tomate (-17,49%), cebola (-8,65%), arroz (-2,91%) e café moído (-1,81%). Já no setor de transportes, as passagens aéreas caíram 2,61%, e os combustíveis tiveram redução média de 0,10%, com gás veicular (-1,55%) e gasolina (-0,13%) em queda, mas óleo diesel (0,38%) e etanol (0,15%) em alta.
Na política monetária, o Banco Central (BC) manteve na semana passada a taxa básica de juros Selic em 15% ao ano, o maior nível desde 2006. Na ata, a autoridade monetária indicou que pretende manter o patamar por um período prolongado para garantir a convergência da inflação à meta contínua de 3%.
Em comunicado também divulgado nesta quinta-feira, o BC avaliou que as expectativas de inflação ainda estão desancoradas, prevendo que o índice só deve se aproximar do centro da meta no primeiro trimestre de 2028. A pesquisa Focus mais recente mostra projeção de inflação de 4,83% para 2024, com a Selic mantida em 15%.