BC aponta queda no crédito às famílias e empresas em meio a Selic alta e regras mais rígidas

Relatório de Política Monetária mostra retração no consignado do INSS após exigência de biometria e prevê retomada gradual das operações para empresas após isenção do IOF

Foto: UOL

No Relatório de Política Monetária divulgado nesta quinta-feira (25), o Banco Central (BC) informou que o crédito livre para famílias (recursos obtidos no mercado) vem caindo nos últimos meses. A redução é atribuída ao elevado nível da taxa básica de juros (Selic), atualmente em 15% ao ano, e às regras mais rígidas para novas operações de crédito consignado do INSS.

O BC destacou que as concessões de consignado para aposentados e pensionistas do INSS registraram forte queda no trimestre recente. A queda foi consequência da exigência de autenticação biométrica para liberar novos contratos, medida implementada em maio após a descoberta de fraudes na folha de beneficiários.

Segundo o relatório, a medida cortou pela metade o volume de concessões diárias inicialmente, e apesar de uma posterior retomada, os níveis seguem abaixo do normal.

Por outro lado, as operações de consignado para trabalhadores do setor privado, que haviam recuado em maio e junho, voltaram a crescer após o fim da obrigatoriedade de usar os recursos exclusivamente para quitar dívidas anteriores. O programa Crédito do Trabalhador, lançado pelo governo em março, teve impacto positivo no setor.

Dados do Ministério do Trabalho e Emprego mostram que a taxa média de juros do consignado caiu de 3,48% em março para 2,62% em 4 de setembro.

O relatório também aponta que, no crédito livre para empresas, as concessões de curto prazo diminuíram em junho e julho, em razão do aumento do IOF sobre operações de “risco sacado”. As modalidades de desconto de duplicatas e recebíveis registraram queda de 15% no trimestre.

Contudo, o BC prevê recuperação a partir das próximas leituras, já que a isenção do imposto foi restabelecida em meados de julho. Como alternativa ao maior custo tributário, muitas empresas recorreram a linhas de financiamento à exportação, que são isentas, e também ao mercado de capitais, elevando a emissão de títulos de dívida.

Em relação às Estatísticas Monetárias e de Crédito, o saldo total das operações de crédito do Sistema Financeiro Nacional (SFN) avançou 0,4% em julho, somando R$ 6,7 trilhões. O crescimento foi impulsionado pelo aumento de 0,6% no crédito para famílias (R$ 4,2 trilhões), que compensou parcialmente a leve queda de 0,1% nas operações para empresas (R$ 2,5 trilhões).

O crédito com recursos livres alcançou R$ 3,9 trilhões em julho, crescimento de 0,2% no mês e de 9,4% em 12 meses. Dentro desse total, o crédito livre para empresas somou R$ 1,6 trilhão, com retração de 1% no período, enquanto o crédito às pessoas físicas chegou a R$ 2,3 trilhões, alta de 1% no mês.

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