O painel Gasto Brasil, desenvolvido pela Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB) em parceria com a Associação Comercial de São Paulo, mostrou que as despesas públicas do país atingiram R$ 3,8 trilhões até está última terça-feira (23). A plataforma reúne dados de União, estados e municípios, permitindo o monitoramento em tempo real das finanças governamentais.
Segundo o presidente da CACB, Alfredo Cotait, a ferramenta reforça a transparência e a necessidade de eficiência no uso dos recursos públicos. Ele alerta, no entanto, que a situação fiscal é preocupante:
“O governo arrecada, mas gasta sem critério. Só neste ano, até setembro, o déficit operacional já chega perto de R$ 1 trilhão acima da arrecadação. É como numa casa: você só pode gastar aquilo que recebe. O Brasil está caminhando para uma situação de insolvência”, afirmou.
Do total registrado, R$ 1,6 trilhão corresponde a despesas do Governo Federal, grande parte destinada a benefícios sociais e previdenciários. Para Cotait, embora esses repasses individuais sejam de baixo valor, o volume acumulado pressiona fortemente o orçamento.
Um relatório da Instituição Fiscal Independente (IFI), do Senado Federal, indica que o cumprimento da meta fiscal de 2026 exigirá um esforço adicional de R$ 79,3 bilhões, o equivalente a 0,55% do PIB. O estudo prevê crescimento econômico de 1,7% e inflação de 4,3% para o próximo ano, em contraste com as estimativas mais otimistas do governo, que projetam alta de 2,4% no PIB e inflação de 3,6%.
O diretor da IFI, Alexandre Andrade, destacou que parte das receitas previstas pelo governo depende de variáveis macroeconômicas incertas e da aprovação do Congresso. Ele também ressaltou que o Brasil tem um dos maiores aumentos na relação dívida/PIB entre países emergentes, o que pressiona ainda mais a credibilidade da política fiscal.
Apesar do avanço na divulgação de dados por meio do Gasto Brasil, Cotait enfatizou que apenas reformas estruturais poderão reverter o quadro. “A transparência é um primeiro passo, mas mudanças profundas dependem de vontade política”, disse.
A íntegra do painel pode ser consultada em gastobrasil.com.br e o relatório da IFI no site do Senado Federal.