A produção de café no Brasil deve alcançar 55,2 milhões de sacas beneficiadas em 2025, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O número representa um crescimento de 1,8% em relação ao ano anterior, mesmo em um período de “bienalidade negativa” para o café arábica, quando a produtividade tende a cair naturalmente após um ciclo de alta.
De acordo com o economista Alexandre Nascimento, o resultado é expressivo porque demonstra a força da cafeicultura brasileira. Ele destacou que a queda esperada no arábica, especialmente em Minas Gerais, foi compensada pelo avanço do robusta (conilon), que teve aumento superior a 37%.
Esse desempenho, segundo ele, foi impulsionado por tecnologias como irrigação e uso de clones mais resistentes, além de condições climáticas mais favoráveis no Espírito Santo, Rondônia e Bahia.
“Foi o conilon turbinado que segurou a safra neste ano”, afirmou Alexandre, ao explicar que a variedade apresentou salto de produtividade, chegando a médias acima de 50 sacas por hectare em algumas regiões.
Segundo a Conab, Minas Gerais segue como principal produtor de arábica, mas registrou queda de 10,8% na produção, reflexo da bienalidade e da seca prolongada. Já a Bahia teve crescimento de 33,5% na produção total, chegando a 4,1 milhões de sacas, enquanto Rondônia avançou 10,4%, com 2,3 milhões de sacas.
No mercado externo, o Brasil exportou 23,7 milhões de sacas entre janeiro e julho de 2025, queda de 16,4% frente ao mesmo período de 2024. Ainda assim, a receita cresceu 44,1%, somando US$ 9 bilhões, impulsionada pela alta dos preços internacionais e pela maior valorização de cafés diferenciados.
Para Alexandre, esse movimento mostra que “mesmo vendendo menos em volume, o país conseguiu faturar mais porque colocou no mercado um café de maior valor agregado”.
O economista também apontou desafios e oportunidades para o setor. Entre os riscos, citou o impacto do clima sobre o arábica e a tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos desde agosto, que já começa a alterar os fluxos comerciais.
Por outro lado, destacou como pontos positivos a expectativa de um ciclo alto em 2026, a demanda aquecida por conilon e solúvel, e a crescente valorização de cafés sustentáveis e de qualidade.