Dados preliminares do Censo, analisados pelo Pew Research Center, apontam que mais de 1,2 milhão de imigrantes deixaram a força de trabalho dos Estados Unidos entre janeiro e julho deste ano. O levantamento inclui tanto residentes legais quanto pessoas em situação irregular e ocorre no momento em que o país registra a primeira redução na população imigrante em décadas, após ter alcançado recorde de 14 milhões de imigrantes irregulares em 2023.
Em janeiro, o país alcançou um recorde de 53,3 milhões de imigrantes residentes. Nos meses seguintes, o total recuou e, em junho, estava em 51,9 milhões. Apesar da queda, o grupo ainda representa 15,4% da população norte-americana, uma proporção próxima do maior nível já registrado.
A participação dos imigrantes é fundamental na economia: eles compõem cerca de 20% da força de trabalho nacional. O Pew destacou que 45% dos trabalhadores da agricultura, pesca e silvicultura são estrangeiros, assim como 30% na construção e 24% no setor de serviços.
A análise mostrou ainda que 52% dos imigrantes nos EUA são latino-americanos, principalmente do México; 23% têm origem asiática e 13% vêm da Europa.
Embora o discurso político seja fortemente direcionado aos indocumentados, os dados revelam que a maioria da população imigrante tem situação regularizada: 77% possuem status legal, contra 23% que estão sem documentos. Além disso, três em cada quatro vivem nos Estados Unidos há mais de uma década, o que reforça, segundo os analistas, seu grau de integração social e econômica.
O presidente Donald Trump determinou em maio que o Serviço de Alfândega e Imigração (ICE) realizasse 3.000 detenções diárias, o que representaria cerca de 1 milhão ao ano.
As medidas, porém, enfrentam barreiras na Justiça. Em 29 de agosto, a juíza federal Jia Cobb suspendeu temporariamente a ampliação das deportações sumárias de imigrantes sem documentos. Na avaliação dela, a decisão fere garantias constitucionais do devido processo legal. Cobb destacou que pessoas que vivem há mais tempo no país possuem laços sociais mais fortes e, por isso, precisam de maior proteção jurídica antes de qualquer remoção.