Artistas independentes resgatam mídia física e citam editais de fomento como fundamentais para setor cultural na Paraíba

Como forma de encerrar a série “Canta Parahyba”, o Portal WSCOM ouviu os principais afetados pela falta de reconhecimento do mercado musical independente da Paraíba: os artistas.

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Fundada em 1998, a banda Cabruêra encontrou na mídia física uma forma de continuar se reinventando ao longo dos 25 anos de estrada. Em uma entrevista exclusiva ao WSCOM, Edy Gonzaga compartilhou um pouco do que foi o processo do relançamento do álbum ‘Viagem’, desta vez em vinil em parceria com a Taioba Music, produzido pela Comanche, de João Parahyba, e gravado pela Fábrica Estúdios.

“Para a Cabruêra acredito que o lançamento em Vinil do álbum ‘Visagem’ é de extrema importância, primeiro por marcar essa fase em que a banda definiu um uma sonoridade com esse quarteto, que foi a formação com a qual a Cabruêra gravou mais álbuns”, disse o artista.

O resgate da mídia física para uma banda com tanto tempo de história foi essencial para os membros se reconectarem com a sua essência, trazer uma nova experiência aos fãs e também garantir mais uma fonte de renda.

“Em relação ao mercado, além de um merchandising luxuoso, é uma ferramenta rica para apresentar seu produto aos produtores/as, traz em si a representação de um cuidado, com a música e com o trabalho da banda. Acredito ser um privilégio para qualquer artista, ter seu trabalho prensado em vinil”, pontuou Edy.

A cena cultural como um todo teve um baque durante a pandemia da Covid-19, que também permaneceu por anos seguintes afetando a agenda de shows e a circulação de diversos artistas. De acordo com Edy, esse novo cenário foi mais um dos percalços financeiros enfrentados não somente pela Cabruêra, como também em seus outros projetos musicais.

Edy também compartilhou com o WSCOM a importância de fomentar os mecanismos de distribuição, edição e gravação no estado. Somado a isso, segundo ele, também se faz necessário um olhar mais amplo das fundações e secretarias culturais para os artistas locais.

“Em meio a tudo isso, a gente ainda conseguiu lançar um disco com um produtor colombiano, né? Foi gravado aqui, editado na Colômbia, com Felipe Alvarez, pelo selo dele, Polen Records. E é um cara que tem dois Grammys, então, acho que a gente tem conseguido sobreviver, apesar das dificuldades. Mas é sempre um desafio, essa questão financeira para qualquer artista”, concluiu o artista.

Pedro Francisco

Entrar no mercado musical já é um grande desafio para muitos artistas, mas se reinventar quando já inserido neste meio é um outro passo que demanda coragem. Esse é o caso de Pedro Francisco, multiartista e integrante da banda Papangu que está lançando sua carreira solo.

Multiartista Pedro Francisco (Foto: Reprodução)

Em uma entrevista exclusiva, Pedro compartilhou com o Portal WSCOM que todo o seu processo do seu primeiro álbum, intitulado “Pedregulhos”, foi se desenvolvendo ao longo de 10 anos. Esse caminho foi percorrido desde a concepção até a criação dos primeiros arranjos com apoio daqueles que acreditam na sua carreira.

“Em relação a estratégia, conto com alguns parceiros que foram vitais para tornar o projeto viável, como a Taioba Music e a Terracota Solo Criativo. Sem contar com todo o apoio que recebo de minha banda, a Papangu e de todos os familiares e amigos que me auxiliam nessa jornada”, contou.

Mesmo já vivendo da música através da Papangu, o pontapé inicial da sua nova trajetória aconteceu no Festival de Música da Paraíba, evento importante para dar visibilidade a novos artistas paraibanos. Pedro aproveitou a oportunidade para lançar o primeiro single de seu álbum, “Abelhas”, que foi uma das primeiras etapas para a sua entrada no mercado.

“Algumas pessoas adquiriram o single “Abelhas” por meio da minha página no site do Bandcamp, uma plataforma de streaming musical que repassa quase que integralmente os lucros para o artista. Ainda não tenho muita projeção lá, porém sou muitíssimo grato a quem ouve e compra minhas músicas por lá, pois é um grande incentivo pra mim”, explicou o artista.

De acordo com Pedro, “Pedregulhos” foi desenvolvido de maneira totalmente independente e artesanal, com direito a gravações em sua própria casa. Apesar de já possuir a expertise para montar esse projeto de maneira autônoma, o artista ressaltou a importância de editais que abrem espaço para que novos artistas consigam ser vistos e realizar gravações com algum suporte externo.

“Acredito que há sim oportunidades e editais de fomento que ajudam os artistas independentes a realizar turnês e gravações, no entanto, sinto que é muito mais complicado para artistas que estão começando, pois ainda não tem currículo o bastante para se inscrever nesses editais. Então eu apoio muito os editais que se propõe a trabalhar com novos artistas no cenário independente”, disse.

Fortalecimento do cenário regional

O Nordeste como um todo foi essencial para a formação cultural do Brasil e com o surgimento de novos talentos se faz necessário a criação de redes de apoio para ajudar a fomentar a cena musical. Recentemente, a Papangu se reuniu outras duas bandas para fazer um intercâmbio cultural entre Recife e Paraíba.

“Nos juntamos recentemente com as bandas: Tela Azzu e o Hajem Kunk (outro projeto em que atuo) pra criar uma “Invasão Paraibana” em Recife a partir de um estilo em comum entre os grupos (rock troncho)”, contou Pedro.

São projetos como esse que auxiliam o fortalecimento dos novos nomes que estão surgindo na Paraíba que transbordam talento. A música paraibana já mostrou ao Brasil nomes como Cátia de França, Jackson do Pandeiro, Cassiano e diversos outros. Um legado dessa monta reafirma a necessidade de incentivar, consumir e financiar o mercado de cultura local.

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