Professor da UFPB fala sobre inutilidade econômica da diversidade brasileira

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O professor de economia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Erik Figueiredo, fala sobre a inutilidade econômica da diversidade brasileira. O artigo semanal é uma parceria do Departamento de Economia da UFPB com o Grupo WSCOM.

Segundo o especialista, “há uma relação positiva e significativa entre nações com um grande número de imigrantes oriundos de países ricos em diversidade cultural e o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). Em outras palavras, receber imigrantes de países que prezam pela diversidade faz bem a atividade econômica”.

Confira o artigo na íntegra:

A Inutilidade Econômica da Diversidade Cultural Brasileira

Por Erik Figueiredo

A diversidade cultural brasileira é um dos grandes orgulhos de nossa população, ao lado do carnaval e da inexistência de grandes desastres naturais – em especial tornados e terremotos. Cantada em verso e prosa por bandas de axé baianas, a diversidade parece compensar a nossa incapacidade de produzir tecnologia ou de manter uma produtividade minimamente próxima a dos países do leste Europeu no pós-guerra. Por aqui, pessoas de todos os credos e raças convivem em harmonia com 64 mil assassinatos por ano e podem ter seu celular roubado nas ruas sem nenhum tipo de discriminação.

Sob o ponto de vista econômico, a diversidade cultural é tratada pelos professores A. Alesina, J. Harnoss, and H. Rapoport, (Birthplace diversity and economic prosperity.
Journal of Economic Growth, 21(2):101-138, 2016). De acordo com esses autores, há uma relação positiva e significativa entre nações com um grande número de imigrantes oriundos de países ricos em diversidade cultural e o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). Em outras palavras, receber imigrantes de países que prezam pela diversidade faz bem a atividade econômica. Para se ter uma idéia, a Tera Consulting (2014) estima que os bens culturais são responsáveis por cerca de 7% do PIB e por 6,5% dos empregos dos países europeus.

Em um outro desdobramento econômico, os pesquisadores do Centre d’Études Prospectives et d’Informations Internationales, G. Orefice e G. Santoni (Exporting Creative and Cultural Products: Birthplace Diversity Matters! CEPII Working Paper, 2017.) mensuram o impacto da diversidade na exportação de dos chamados bens criativos. Os autores concluem que um aumento de 10% na diversidade cultural de um país é capaz de impulsionar, em média, 4% as exportações de bens criativos.

De posse dessas duas informações, retornamos a realidade brasileira. Pelo menos três questões podem ser elencadas: 1) nossa diversidade possui impacto no PIB?; 2) como país orgulhoso de nossa diversidade, somos receptivos a imigrantes internacionais?; 3) os bens culturais são relevantes em nossa pauta de exportação? De uma forma resumida e direta a resposta para todas as perguntas é: NÃO!

Estimativas otimistas indicam que os bens culturais correspondem a, no máximo, 2% do PIB nacional. Muito pouco para quem se orgulha de ocupar o topo do índice de diversidade cultural da UNESCO. As relações com outros povos também é pífia. Somos extremamente fechados à migração internacional. Para se ter uma idéia, cerca de 13% da população norte-americana é composta por imigrantes. No Brasil esse número é inferior a 0.03%. No que se refere à exportação, a tendência não é diferente. Estima-se que o país exporta cerca de 7,5 bilhões de dólares em produtos culturais. Como medida de comparação, a China exporta cerca de 84 bilhões de dólares. Em todos os aspectos, a receita pra o fracasso reside no custo Brasil e no fechamento da economia para o comércio (migração) externo. Enquanto isso, estamos preocupados em taxar a Netflix e transformar o UBER em mais uma frota de taxis. Dessa forma, prevejo que as rodas de capoeira da Europa ainda vão ter que continuar utilizando berimbaus Made in China.

  

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