Economia & Negócios

Dilma diz que ministro Levy foi infeliz ao afirmar que desoneração da folha foi

desoneração


28/02/2015



COLONIA DEL SACRAMENTO, Uruguai — A presidente Dilma Rousseff comentou neste sábado as declarações do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que classificou de grosseira política de desoneração da folha de pagamento das empresas e que a ‘brincadeira’ custa R$ 25 bilhões por ano ao país. Segundo a presidente, o ministro foi infeliz no uso do adjetivo:

— Acredito que a desoneração foi importantíssima e continua sendo. Se ela não fosse importante, tínhamos eliminado e simplesmente abandonado. Acho que o ministro foi infeliz no uso do adjetivo. Agora, o fato é que tanto o ministro como todos os setores estão comprometidos com a melhora das condições fiscais do Brasil.

Na sexta-feira, o ministro da Fazenda classificou de ineficiente o programa de desonerações, com a seguinte declaração:

"Você aplicou um negócio que era muito grosseiro. Essa brncadeira nos custa R$ 25 bilhões por ano, e estudos mostram que não tem criado e nem protegido empregos".

Dilma ressaltou que a desoneração da folha é, hoje, uma realidade, e não é pura e simplesmente um instrumento de ajuste fiscal:

— É uma realidade e nós garantiremos que haja um reajuste nas condições. É um instrumento que vai permanecer, mas em certas circunstâncias deve ser reajustado. E agora foi pra cima. Quando a realidade muda, a gente muda.

A presidente está, neste sábado, em Colonia del Sacramento, a 150 quilômetros de Montevidéu, onde inaugurou, ao lado do presidente José Pepe Mujica, o Parque Eólico Artilleros, construído pelos dois países por meio de parceria entre as empresas Eletrobras e UTE/Uruguai. De acordo com o governo uruguaio, o empreendimento custou US$ 100 milhões e será capaz de gerar cerca de 65 megawatts de energia. Parte dos investimentos foi financiado pelo Banco de Desenvolvimento da América Latina. Dilma afirmou que o projeto vai beneficiar os dois países e defendeu que o continente tenha um sistema elétrico de qualidade.

Após a inauguração do parque eólico, a presidente participa, na residência presidecial de Anchorena, de um almoço ao lado de Mojica, a quem fez grandes elogios, afirmando ser um grande líder para os uruguaios e todo povo americano, e um presidente que tem como realidade utopias compartilhadas. Questionada se seria uma utopia o Brasil superar a crise, Dilma respondeu:

— Pode ter certeza que o Brasil vai sair desta crise. Vai sair ainda mais forte. Até poque o brasil tem fundamentos sólidos. Nós passamos por dificuldades conjunturais, e isso garantirá que o país sairá com outro patamar, garantindo empregos e a renda que conquistamos.

Nlo final da tarde, a presidenta brasileira embarca para Montevidéu, ao lado de Mujica. Na capital uruguaia, Dilma assistirá, neste domingo, à posse do presidente eleito no fim do ano passado para governar o Uruguai. Tabaré Vázquez sucederá a Mujica no terceiro mandato consecutivo da Frente Ampla no poder, que ajudou a aprovar projetos de lei como a legalização do aborto, do casamento de pessoas do mesmo sexo e do consumo, da produção e venda de maconha.

Logo depois, no início da tarde, Dilma retornará ao Brasil. Ela desembarcará no Rio de Janeiro, onde participa de dois eventos em comemoração dos 450 anos da cidade: a inauguração do Túnel Rio 450 e a cerimônia oficial promovida pela prefeitura carioca.

LEVY ADMITE TER SIDO ‘INFELIZ’

Repreendido pela presidente Dilma, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, já admitia a pessoas próximas, na noite de sexta-feira, ter sido infeliz na escolha de algumas expressões durante a coletiva de imprensa em que anunciou as medidas de ajuste que anularam na prática a desoneração da folha de pagamento para as empresas. Na entrevista, ele classificou de “grosseira” a desoneração e afirmou que “essa brincadeira nos custa R$ 25 bilhões por ano”. A presidente Dilma Rousseff disse, neste sábado, no Uruguai que Levy foi infeliz ao usar o adjetivo.

— Usei demais de coloquialismo — comentou o ministro com assessores, em uma avaliação após a entrevista, onde admitiu que as frases foram ruins.

Em conversa com assessores, Levy disse acreditar que as medidas anunciadas “não são para revogar o passado e sim para construir o futuro”.

Há uma expectativa de que o Ministério da Fazenda divulgue uma nota sobre as declarações do ministro, mas ainda não há confirmação.

Críticas públicas da presidente Dilma a seus ministros e assessores não são novidade, nem mesmo na equipe econômica. No começo de janeiro, com apenas um dia no cargo, o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, levou uma bronca da presidente e por ordem de Dilma divulgou nota em que afirmava que “a proposta de valorização do salário mínimo, a partir de 2016, seguirá a regra de reajuste atualmente vigente”.

Naquele dia, depois de ler os jornais na praia, na base naval de Aratu, na Bahia, onde descansava, a presidente ficou bastante irritada com a repercussão das declarações de Barbosa do dia anterior sobre a mudança na regra de reajuste do salário mínimo e mandou o ministro divulgar uma nota desmentindo as afirmações.



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