Não há dúvidas de que a democracia é o melhor caminho para o país, pois assegura a obediência à Constituição e ao Estado de Direito. Essa luta é, também, em favor dos direitos sociais das classes mais necessitadas, com o propósito de reinaugurar uma nova era no exercício da cidadania ativa. Urge melhorar a qualidade do nosso sistema político, aperfeiçoando os mecanismos institucionais de forma que os espaços democráticos sejam ocupados por diferentes forças políticas, libertando-nos, definitivamente, do populismo, do extremismo e do autoritarismo.
A democracia não se restringe ao simples ato de votar, mas exige o respeito aos direitos fundamentais de todos, inclusive das minorias. O voto é uma manifestação política que deve ser exercida de forma livre e consciente. É fundamental que se assegure um debate público contínuo, com acompanhamento das decisões políticas, sem agressões mútuas e com a aceitação das divergências, contrapondo-se a qualquer ação que favoreça a erosão democrática.
O Brasil necessita de um ativismo político que não se caracterize pela intolerância, pela rejeição à pluralidade de ideias e pensamentos, nem pela intimidação ou pela cooptação das instituições de controle, tampouco por qualquer forma de censura. Muito menos por um populismo associado a um falso nacionalismo ou à exploração do sentimento religioso. Precisamos nos unir, ao invés de dividir. Não permitamos que prevaleçam a ignorância, as “fake news”, os atentados à democracia, a disseminação do discurso de ódio e as teorias conspiratórias. Quando se tenta desacreditar o processo eleitoral, fica explícita a intenção de alegar fraude e deslegitimar o resultado das urnas.
Uma das consequências mais inaceitáveis de um golpe de Estado é a decomposição moral das instituições republicanas. O ataque aos fundamentos democráticos da nação representa a destruição do sentido social que a Constituição de 1988 nos legou. Trata-se de um ato que ultrapassa os limites do bom senso e da razoabilidade, evidenciando falta de escrúpulos e decência. Daí a incompreensão diante de alguém que possua o mínimo de consciência cívica e, ainda assim, verbalize ou atue em defesa de ações de ruptura do Estado Democrático de Direito. A barbárie não pode ser naturalizada, enquanto parte da sociedade permanece imersa na letargia de suas crises, abdicando da luta pela cidadania, pelos direitos, pela justiça e pela liberdade.
Compactuar com essa inércia é conceder benefícios aos inimigos da democracia. O Brasil precisa de esperança. A nação clama pela paz entre os compatriotas. Mas nada disso se conquista sem que vivamos plenamente a democracia.