Fuga de capital: Instabilidade e tributos elevam saída de milionários do Brasil, aponta economista

Brasil tem o maior número de milionários da América Latina, mas enfrenta aumento da fuga de capitais por tributos, instabilidade e violência.

(Foto: Reprodução)

Com aproximadamente 433 milionários – em dólares –, o Brasil é o país com o maior número de super-ricos da América Latina. O dado é do Relatório Global da Riqueza de 2025, realizado pelo UBS. Ao mesmo tempo que a proporção cresce ao longo dos anos, especialistas se preocupam com possível diminuição dela.

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Uma pesquisa da Henley & Partners indica que cerca de 1.200 milionários devem deixar o país neste ano. Proporcionalmente o número ainda é pequeno, mas já representa um aumento de 50% quando comparado a 2024.
O Instituto Millenium apontou que entre 2014 e 2024 o Brasil perdeu 18% dos seus milionários. Esse fenômeno já possui um nome para os especialistas: fuga de capitais.

Para compreender melhor esse cenário e desvendar a sua consequência para a economia nacional, o Portal WSCOM conversou com o economista Vitor Nayron. Para ele, é necessário traçar o perfil de cada pessoa que escolhe sair e identificar os motivos.

Motivação

No geral, as justificativas mais recorrentes envolvem a alta carga tributária, instabilidade política e também a violência urbana – principalmente nos grandes centros.

Em relação ao primeiro ponto, Vitor afirma que o milionário “pode enxergar no Brasil como sendo algo muito predatório e encontra em outros países uma certa vantagem”.

A Flórida, nos Estados Unidos, é um dos lugares mais procurados por essas pessoas que decidem deixar o Brasil. De acordo com Vitor, o destino pode ser decidido pela previsibilidade econômica do país.

“Você tem mais previsibilidade, o ambiente de negócio geralmente é mais fácil, menos burocrático e mais efetivo do que o que acontece aqui no Brasil. Ou às vezes buscam algum país que tenha algum tipo de política para essas pessoas, eles imaginam que é uma situação melhor do que é no Brasil”, explicou.

A desorganização macroeconômica, somada à alta taxa de juros básicos (Selic), também podem entrar no grupo de motivos que desestimula a permanência dessas pessoas.

“Quando você tem essa questão macroeconômica que às vezes pode estar em uma situação desorganizada, geralmente a consequência que se tem é a alta de juros e é o que a gente visualiza hoje. Então o juros está a 15%. E aí o custo de oportunidade para quem vai investir é muito alto, o que seria esse custo de oportunidade? Então assim, eu tô com capital para fazer um investimento e abrir um negócio, por exemplo”, explicou.

Riscos regionais

O Nordeste, por outro lado, encontra-se em uma situação ambígua. Ao mesmo tempo que colabora pouco para a economia do Brasil, chama a atenção de investidores nacionais e internacionais por estar em fase de desenvolvimento.

“O Brasil, quando a gente compara com a região Sul e Sudeste, exemplo a Paraíba, contribui com menos de 1% no PIB do país. Mas ao mesmo tempo, que a gente tem essa situação, alguns investidores estrangeiros observam isso também como sendo uma oportunidade para gerar novos negócios à medida que a cidade e os estados vêm se desenvolvendo”, disse Vitor.

A região oferece oportunidades que vão desde áreas estruturais e desenvolvimento até o turismo diversificado. “Pensando nessa rentabilização, ter essa rentabilidade maior ajuda também nesse processo de desenvolvimento”, concluiu o economista.

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