Arrecadação federal bate recorde de R$ 1,7 trilhão até julho e reforça meta fiscal de 2025

Resultado foi impulsionado por alta do IOF, taxação de bets e novos tributos; governo aposta no crescimento da receita para zerar déficit neste ano.

Nesta quinta-feira (21), a Receita Federal divulgou que a arrecadação federal em julho alcançou R$ 254,2 bilhões. O montante representa um avanço real de 4,6% frente ao mesmo período do ano passado, quando os cofres da União receberam R$ 243,1 bilhões (já corrigidos pela inflação). O desempenho foi o maior já registrado para meses de julho em toda a série histórica iniciada em 1995, ou seja, em 31 anos.

O órgão atribuiu o resultado principalmente à elevação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), medida implementada pelo governo em maio. Após ter sido suspensa pelo Congresso Nacional em 27 de junho, a cobrança voltou a vigorar quase integralmente em 16 de julho, por decisão do Supremo Tribunal Federal.

Segundo a Receita, o comportamento da arrecadação foi fortemente influenciado pelas operações de saída de moeda estrangeira, créditos destinados a empresas e negociações com títulos e valores mobiliários, reflexo das alterações legislativas recentes.

A Receita Federal informou ainda que o recolhimento do IOF em junho foi R$ 756 milhões superior ao do mesmo mês de 2024, já descontada a inflação, em razão do aumento temporário do tributo. Além disso, a taxação sobre as apostas online e loterias também reforçou os cofres públicos, somando R$ 928 milhões apenas em julho.

Outro fator destacado pelo Fisco foi uma arrecadação considerada atípica, de aproximadamente R$ 3 bilhões, concentrada em setores como mineração, petróleo e financeiro, que contribuiu para impulsionar os números do mês.

O crescimento da economia brasileira também foi apontado como um elemento que ajudou a elevar a arrecadação. Em nota, a Receita destacou que a combinação de ajustes tributários e o bom desempenho da atividade econômica explicam, em grande parte, o resultado recorde obtido no período.

A arrecadação federal manteve trajetória de alta ao longo de 2025. Entre janeiro e julho, o governo recolheu R$ 1,68 trilhão sem correção inflacionária. Em valores ajustados pela variação de preços, o total chegou a R$ 1,7 trilhão, o que equivale a um crescimento real de 4,41% frente ao mesmo período de 2024, quando havia somado R$ 1,63 trilhão. O resultado também foi o maior já registrado para os sete primeiros meses do ano em toda a série histórica.

Segundo dados oficiais, o desempenho foi impulsionado não apenas pelo aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), mas também pela reestruturação de outros tributos implementada nos últimos anos.

Entre eles, destacam-se a taxação de fundos exclusivos e offshores, mudanças na tributação de subvenções estaduais, a retomada da cobrança sobre combustíveis, a tributação de apostas online e loterias, o imposto sobre encomendas internacionais (a chamada “taxa das blusinhas”), a reoneração gradual da folha de pagamentos e o fim dos benefícios fiscais ao setor de eventos (Perse).

A Receita Federal explicou que, além dessas alterações, a arrecadação de julho também recebeu reforço de uma receita extraordinária de cerca de R$ 3 bilhões vinda dos setores de mineração, petróleo e financeiro. O avanço da atividade econômica brasileira, por sua vez, também contribuiu para fortalecer o desempenho da receita pública.

O crescimento da arrecadação é visto pelo governo como peça central para alcançar a meta fiscal de 2025, que prevê resultado primário zero. A meta, definida na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024, conta com uma margem de tolerância prevista no arcabouço fiscal: é permitido déficit de até 0,25% do PIB, algo em torno de R$ 31 bilhões, sem que haja descumprimento formal. Além disso, despesas com precatórios, estimadas em R$ 44,1 bilhões neste ano, não entram no cálculo.

Para 2026, o objetivo é alcançar superávit primário de 0,25% do PIB, equivalente a aproximadamente R$ 31 bilhões.
O governo já indicou novos ajustes que devem ampliar a base de arrecadação:

Aumento da alíquota sobre bets, de 12% para 18% da receita líquida;
Elevação da taxação sobre juros sobre capital próprio (JCP), de 15% para 20%;
Cobrança de 5% sobre títulos incentivados como LCI e LCA (antes isentos);
Tributação sobre criptoativos, com atualização das regras para rendimentos e ganhos líquidos em operações com moedas virtuais;
Aumento da alíquota para fintechs, que antes pagavam 9% de CSLL e passarão a ser tributadas como bancos tradicionais, com taxas de 15% ou 20%.

De acordo com integrantes da equipe econômica, essas medidas têm como objetivo garantir equilíbrio fiscal sem abrir mão de estimular a atividade econômica.

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