Médica paraibana alerta para perigo das bebidas com metanol após casos de morte em SP: “Estamos diante de uma emergência”

Oftalmologista Michelle Cantisani diz que a ingestão de pequenas quantidades pode causar lesões irreversíveis no nervo óptico e até ser fatal

Médica oftalmologista Michelle Cantisani

Surtos de intoxicação por metanol estão sendo registrados em várias partes do mundo e chegaram com força ao Brasil. Em São Paulo, já existem 16 pessoas sob investigação, seis casos confirmados e duas mortes. Os episódios estão diretamente relacionados ao consumo de bebidas destiladas adulteradas, que circulam com facilidade no mercado informal e representam um risco real para a saúde pública.

A oftalmologista Dra. Michelle Cantisani, presidente da Sociedade Paraibana de Oftalmologia (SPO) e membra do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), alerta que o metanol é um álcool industrial cujos metabólitos são altamente tóxicos para o sistema nervoso e, em especial, para o nervo óptico. Segundo ela, a ingestão de apenas 30 ml pode ser suficiente para levar à morte. “Estamos diante de uma emergência médica e oftalmológica. Os surtos em São Paulo demonstram que não se trata de um problema pontual. É preciso ampliar a conscientização para evitar novas vítimas”, afirma.

Os sintomas iniciais da intoxicação incluem queda da pressão arterial, dor de cabeça, vômitos e dor abdominal. Em casos mais graves, podem surgir convulsões, coma, dificuldade respiratória e até insuficiência renal. A visão também pode ser atingida e de forma irreversível. “As queixas visuais vão desde visão turva, fotofobia e defeitos de campo até a perda severa da visão. Isso ocorre porque o metanol provoca isquemia e edema no nervo óptico. Nas primeiras 72 horas, pode haver inchaço e, posteriormente, atrofia óptica, que significa a morte irreversível das fibras nervosas”, explica a médica.

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A gravidade está diretamente ligada à dose ingerida e à velocidade do início do tratamento. Quanto mais rápido o atendimento, maiores são as chances de preservar a visão e salvar vidas. “O tratamento deve ser imediato, com o uso de antídotos que bloqueiam a metabolização do metanol e ajudam na sua remoção do organismo. Passadas muitas horas, os danos se tornam irreversíveis”, reforça Dra. Michelle.

Para ela, a prevenção é a única forma eficaz de evitar tragédias. O alerta é claro: não consumir bebidas de origem duvidosa. “Sempre escolha produtos lacrados, verifique se o rótulo está íntegro e bem colado, se o lacre não foi violado e se há o selo fiscal. Mais do que isso, cada pessoa precisa passar a informação adiante. Quanto mais gente souber do risco, mais vidas poderão ser protegidas”, conclui.

“O metanol é invisível ao paladar, mas destrói o nervo óptico em horas e pode matar em mililitros uma tragédia silenciosa que só a prevenção pode evitar.”

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