O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou neste sábado (23) que cerca de 20 milhões de brasileiros foram injustamente incluídos na cobrança do Imposto de Renda (IR) nos últimos anos devido à ausência de correção da tabela do tributo. Segundo ele, a defasagem ocorreu durante os governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro, após o congelamento iniciado em 2015.
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“A não correção do Imposto de Renda promoveu um enorme aumento de impostos das camadas economicamente mais frágeis. Ou seja, os sete anos de não correção da tabela do Imposto de Renda incluiu, no pagamento deste tributo, alguma coisa em torno de 20 milhões de brasileiros que não deveriam estar pagando Imposto de Renda e passaram a pagar nos governos Temer e Bolsonaro”, declarou Haddad.
A fala foi feita em Brasília, durante um debate do Partido dos Trabalhadores (PT), que contou também com a presença do vice-presidente Geraldo Alckmin e de parlamentares da legenda.
Defasagem histórica e promessa de campanha
De acordo com o Sindifisco Nacional, a tabela do IR acumulou defasagem superior a 36% entre 2015 e 2022. Nesse período, apenas trabalhadores que recebiam até R$ 1.903 ficaram livres da cobrança.
O governo Lula já promoveu duas correções: em 2024, elevou a faixa de isenção para R$ 2.824; em maio deste ano, para R$ 3.036. Agora, a expectativa é de que o Congresso aprove a ampliação da isenção para quem ganha até R$ 5 mil — compromisso assumido por Lula durante a campanha.
“Serão 25 milhões de brasileiros beneficiados com a correção da tabela do Imposto de Renda. (…) Estamos fazendo alguma justiça tributária, cobrando de quem não paga, do ápice da pirâmide, 142 mil brasileiros é 0,01% da população economicamente ativa, para favorecer 25 milhões de brasileiros”, disse Haddad.
Projeto no Congresso
O Projeto de Lei 1.087/2025, relatado por Arthur Lira (PP-AL), foi aprovado em regime de urgência pela Câmara na última quinta-feira (21). O texto prevê isenção total até R$ 5 mil e redução parcial do imposto para quem recebe até R$ 7.350. Para compensar a renúncia fiscal, cria uma alíquota progressiva extra de até 10% para contribuintes com rendimentos anuais superiores a R$ 600 mil.
Segundo estudo do Dieese, a medida pode dobrar o número de isentos — de 10 milhões para 20 milhões de trabalhadores — e reduzir a carga para outros 16 milhões que recebem até R$ 7,3 mil.
Crédito imobiliário em debate
No mesmo evento, Haddad também adiantou que o governo prepara um pacote para ampliar o crédito habitacional, com foco em trabalhadores de baixa renda e classe média.
“Estamos ultimando as tratativas com o Banco Central, Fazenda e Planejamento, para que o nosso Conselho Monetário Nacional possa entregar ao presidente Lula mais uma conquista importante de turbinar o crédito imobiliário (…), fazendo fonte barata de crédito, que é a poupança, chegar ao trabalhador de baixa renda e classe média”, afirmou.
com Agência Brasil