O Ministério Público do Trabalho na Paraíba (MPT-PB) ingressou com pedido de bloqueio de bens do influenciador Hytalo Santos e do marido dele, Israel Nata Vicente, em investigação que apura trabalho infantil digital, exploração sexual e tráfico de pessoas para fins de exploração infantil.
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Na medida cautelar apresentada à Justiça do Trabalho, o MPT solicita o bloqueio de cinco veículos de luxo, empresas e outros bens e valores, até o limite de R$ 20 milhões, para garantir eventual indenização por dano moral coletivo e medidas de reparação às vítimas. O órgão afirma que há indícios de ocultação patrimonial e movimentação financeira atípica.
Prisão do influenciador
Hytalo Santos e Israel Vicente foram presos na última sexta-feira (15), em São Paulo, por força de mandados expedidos pela Justiça da Paraíba. A operação envolveu o Ministério Público Estadual (MPPB/GAECO), o MPT-PB, a Polícia Civil da Paraíba, a Polícia Civil de São Paulo (PCSP) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Denúncia inicial e investigação
A apuração começou a partir de uma denúncia sigilosa recebida em dezembro de 2024 pelo MPT-PB. Segundo o procurador do Trabalho Flávio Gondim, a rotina na casa do influenciador funcionava como um “reality show”, com produção intensa de conteúdos envolvendo adolescentes, gerando monetização e diferentes formas de receita.
Mais de 15 pessoas foram ouvidas e 50 vídeos analisados. Testemunhos de ex-funcionários e profissionais, além de informações de escolas, indicaram que adolescentes chegaram a passar 40 a 50 dias fora da sala de aula.
“Pelos fatos já apurados, não há como negar que há exploração do trabalho infantil. A erotização e o fato de haver a monetização já são suficientes para caracterizar exploração sexual. Quando você tem o aliciamento em outra cidade, o deslocamento e o alojamento, podemos falar também em tráfico de pessoas”, afirmou Gondim.
Além desse procedimento, o MPT-PB instaurou dois novos inquéritos contra Hytalo Santos, desta vez envolvendo denúncias de assédio sexual contra funcionários e de assédio moral, maus-tratos e violência física. Esses casos não envolvem adolescentes, mas pessoas que prestaram serviços ao influenciador.
“Fartura de Prêmios”
No início de agosto, o MPT-PB, o MPPB e a Polícia Civil emitiram recomendação conjunta à Lotep (Loteria do Estado da Paraíba) para suspender a empresa “Fartura de Prêmios”, da qual Hytalo era principal divulgador. O documento apontava indícios de que a loteria se beneficiava da audiência obtida com a exploração de menores em conteúdos digitais.