A invenção do “Caminhos do Frio”

O projeto Caminhos do Frio ainda guarda a denominação de batismo: Rota Cultural. Todavia, tem priorizado a música e os espetáculos de palco

Bananeiras (Foto: Reprodução)

Terminava o ano de 2005 e a prefeita Marta Ramalho recebeu o resultado de um diagnóstico contratado pela secretária Ana Gondim, da Cultura e Turismo municipal. Uma pesquisa embasava esse resultado e recomendava o norte a seguir, visando transformar a cidade de Bananeiras em um destino turístico. Quem visitou a cidade e foi pesquisado, destacou a paisagem, o patrimônio histórico e o clima. A partir de então, foram traçados vários caminhos visando divulgar a cidade e promover eventos que despertassem a atenção, a começar, dos municípios vizinhos.

Com o apoio do SEBRAE que cedeu as tendas para exposição, da Universidade Federal e algum recurso do Fundo de Incentivo à Cultura Augusto dos Anjos (ainda existe??), foi realizada a primeira edição do Caminhos do Frio –Rota Cultural- Musica e Arte na Serra. Participaram além de Bananeiras, Solânea e Serraria. Mais adiante, por incentivo do SEBRAE foi criado o Fórum de Turismo do Brejo e a partir de então, outros municípios foram sendo incorporados ao projeto que hoje conta com Alagoa Nova, Matinhas, Alagoa Grande, Remígio, Solânea, Borborema, Pilões, Serraria, Areia e Bananeiras. O apoio do governo estadual que, a princípio era raquítico, atualmente, tornou-o o principal patrocinador junto com as prefeituras dos respectivos municípios.

Quando se pensou no evento, a visão era a de transferir conhecimento na área cultural com a prática e o ensinamento em oficinas de cinema, elaboração de projetos, artes visuais, gastronomia e musica como se plantou já na primeira edição. Apenas para lembrar, a oficina de musica teve como executor o grande Radegundis Feitosa, de saudosa memória. Houve aulas de trompete, clarinete e saxofone. A oficina de poesia teve a presença da escritora Valéria Rezende. A Orquestra Sinfônica apresentou-se na Igreja Matriz. Na edição pioneira, a prefeita Marta Ramalho e Ana Gondim contaram com o apoio e incentivo do ex-prefeito Arnaldo Junior, de Cabaceiras, então Secretario de Turismo do Estado e de Regina Amorim, do Sebrae.

O projeto Caminhos do Frio ainda guarda a denominação de batismo: Rota Cultural. Todavia, tem priorizado a música e os espetáculos de palco, às vezes com artistas desafinados com o objetivo inicial do evento. As orquestras sinfônicas e de Câmera deixaram de ser convidadas. Houve quem transformasse o evento em uma festa junina fora de época ou uma reedição do BregAreia que, sem duvida, marcou época na sua especialidade. Houve também quem aplaudisse a cantora paraibana Roberta Miranda quando, em palavras impublicáveis atacou um fã inconformado com o ritmo do seu show.

Críticas à parte, o certo é que o projeto que nasceu raquítico no pátio da Igreja Matriz de Bananeiras hoje se transformou em um evento de grande porte, mobilizando todo o brejo e fazendo nascer outros semelhantes, a exemplo do Raizes do Brejo e Festival de Inverno na Serra envolvendo municípios que não foram incluídos no Caminhos do Frio.

O registro que ora faço, não tem o objetivo de corrigir as distorções mas, simplesmente, contribuir com a história do evento e fazer justiça aos que tiveram a ideia de investir na boa musica, na cultura e no desenvolvimento do turismo, dando vida a um projeto cuja tendência é se firmar no cenário cultural de uma região carente de boas iniciativas com esse propósito, nascido em 2006 na cidade de clima europeu que lhe deu berço: Bananeiras.

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