Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Geral

Meu guru


20/08/2015

Foto: autor desconhecido.

 

Originado do sânscrito e que significa “professor”, o termo guru tornou-se popularmente a qualificação de alguém com extraordinária sabedoria e a quem recorremos em busca de orientação, conselhos, aprendizado. Geralmente é uma pessoa tida como referência para a nossa vida. Encontramos nele o exemplo em muita coisa que pretendemos ser ou fazer.

Na infância e na adolescência temos o pai como nosso guia, nossa bússola, nosso norte. É ele que nos ensina os primeiros caminhos a serem percorridos na vida. Independente da formação intelectual que tenha, ele transmite, com especial interesse em que sejamos bem sucedidos, suas experiências e seus conhecimentos. É o nosso espelho. Insubstituível.

No entanto, quando nos emancipamos e saímos da convivência familiar, naturalmente elegemos pessoas a quem devotamos essa reverência até então direcionada exclusivamente para nosso pai. E a esses costumamos chamar de gurus.

Nos idos da década de setenta, quando servidor do Banco do Estado da Paraiba, encontrei alguém que posso classificá-lo como “meu guru”. Tratava-se de um homem sábio, dono de uma impressionante cultura geral. Discutia com conhecimento de causa qualquer assunto que se dispusesse a debater. Vivia antenado com o mundo. Não havia um “best seller” lançado, que ele não adquirisse e lesse, assim que chegasse às livrarias. Fiz leitura, por empréstimo dele, de muitos desses livros. Ele era um decano da advocacia paraibana. Figura respeitadíssima em qualquer ambiente que se encontrasse.

Na época ocupava a chefia do departamento jurídico do banco. Ao final do expediente, sempre o procurava para conversarmos sobre o cotidiano da vida, política, futebol (flamenguista doente), filosofia, literatura, etc. A ele recorria todas as vezes em que me deparava com dúvidas ou com a necessidade de uma palavra de orientação. Quando me afastei das atividades do banco e ele se aposentou, continuei preso a essa dependência de consultá-lo sobre as coisas da vida. Frequentava, quase que diariamente, seu escritório na Praça Antenor Navarro.

Sinto falta dele. Faz muito tempo que não o vejo. Até porque vive recluso em sua residência, ao lado da família, já sem gozar de plena saúde como antes.

Estou falando de Doutor Vamberto Costa. Ao longo da minha existência, conheci poucos homens tão sábios quanto ele. Aprendi muito nas inúmeras oportunidades em que pude usufruir da sua companhia. Nesse resgate da memória, onde procuro produzir um “inventário do tempo”, não poderia deixar de registrar a minha admiração, o meu respeito, e a minha homenagem, a quem devo muito do que sou hoje. Minha formação cultural e moral, recebeu forte influência dos seus ensinamentos.

• Integra a série de textos “INVENTÁRIO DO


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