Educação

Unesco: 38% dos analfabetos latino-americanos são brasileiros

Unesco


30/01/2014

 O presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Luiz Cláudio Costa, afirmou nesta quarta-feira (29), após a divulgação de um relatório da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) sobre educação no mundo, que o Brasil tem "dificuldade" para alcançar a meta, assinada em 2000 por 164 países, para melhorar em 50% os níveis de alfabetização de adultos até 2015.
O 11° Relatório de Monitoramento Global de Educação para Todos indica que o Brasil ocupa a 8ª posição no ranking de países com maior número de analfabetos adultos.

De acordo com a mais recente Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2012 e divulgada em setembro de 2013, a taxa de analfabetismo de pessoas de 15 anos ou mais no país foi estimada em 8,7%, o que corresponde a 13,2 milhões de analfabetos – número reconhecido pela Unesco.

Segundo o estudo da organização, há em todo o mundo 774 milhões de adultos analfabetos, sendo que 72% deles estão em dez países – como Brasil, Índia, China e Paquistão.

O presidente do Inep – que representou o Ministério da Educação (MEC) no lançamento do relatório da Unesco, em Brasília – informou que o número elevado de idosos que não sabem ler nem escrever é um dos fatores que dificultam a erradicação do analfabetismo no país. Segundo o instituto, com base em dados do IBGE de 2012, 24% da população brasileira com mais de 60 anos é analfabeta.

Quatro metas a serem cumpridas

Dos seis objetivos definidos em 2000 para a educação, a serem cumpridos até 2015, Costa afirmou que quatro devem ser atendidos pelo Brasil: educação primária universal, igualdade de gêneros, garantia do aprendizado de jovens e adultos e melhoria na qualidade do ensino. A alfabetização de adultos e a educação na primeira infância, com acesso a creches, correm o risco de ficar fora da lista de metas executadas pelo país.

"Acredito, baseado em projeções, que nós vamos alcançar quatro dessas metas. E essas outras duas metas [analfabetismo de adultos e creches] nós temos dificuldades. [Em] Analfabetismo, por exemplo, nós avançamos muito, […] vamos perseguir até o fim. […] Pode ser que no global não cheguemos aos números, mas vamos chegar com a população mais jovem. […] A questão das creches e da pré-escola também é outra [dificuldade em atingir a meta]", declarou o presidente do Inep.

Costa disse também que é preciso relativizar os dados que colocam o Brasil entre os dez países com maior número de analfabetos.

"Isso tem que ser relativizado, claro, porque o Brasil é o quinto país mais populoso do mundo. Mas, se observamos a redução [nacional] de analfabetismo, já chegamos a 91,8% hoje de taxa de alfabetizados. E, se pegarmos a população de 15 a 16 anos, temos 98% de alfabetização", destacou o presidente do Inep.

Pontos positivos

Apesar dos dois objetivos que não serão alcançados pelo Brasil, a análise que o relatório faz da educação no país aponta avanços. Um dos pontos positivos é o acompanhamento de melhoria do ensino que é feito a partir do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica.

“O Brasil é citado com vários exemplos de boas recomendações, bons modelos para outros países. Mas também aponta várias áreas que o pais precisa melhorar”, diz a coordenadora de Educação da Unesco no Brasil, Maria Rebeca Otero Gomes.

De acordo com a coordenadora, ainda falta no Brasil uma política de valorização do salário e da carreira do professor. “A primeira [coisa a ser feita] é a ampliação da educação infantil – precisamos alcançar no mínimo 80% das crianças da educação infantil nas escolas. A segunda seria expandir a alfabetização de adultos e jovens. E a terceira é a questão da qualidade. E quando falamos de qualidade, o ponto principal é dos professores e da valorização dos professores”, ressaltou.

O relatório destaca como avanço no país a redução das diferenças educacionais por região. Conforme o estudo, entre 1997 e 2002, a média de matrículas no ensino básico no Nordeste aumentou 61%, enquanto no Norte subiu 32%. No entanto, avaliações mostram que, em matemática, estudantes da Região Norte ainda ficam atrás de outras regiões. Segundo o relatório, essa diferença indica que “as reformas precisam continuar e ainda mais fortes”.



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