Saúde

Teste de gravidez poderá prever aborto e chance de gêmeos

Inovação


13/08/2015



 RIO – O clássico teste de farmácia pode dizer se a mulher está grávida. Mas uma equipe de estudiosos de uma empresa britânica foi além, desenvolvendo um exame caseiro que pretende permitir que os pais saibam em casa se estão esperando gêmeos ou se são suscetíveis de sofrer um aborto. Utilizar algoritmos para prever o resultado de uma gravidez com base em proteínas na urina pode tornar isso uma realidade e deve chegar ao mercado em dois anos.

Atualmente é possível saber, com exames simples, se mulher está grávida e há quanto tempo, mas muitas incertezas permanecem. Três quartos dos abortos espontâneos ocorrem nos primeiros três meses, e muitas mulheres não compartilham suas notícias até depois desse período. Mas isso pode mudar, graças a um teste desenvolvido pela MAP Diagnostics em Hertfordshire, Reino Unido.

“Queremos informar os pais sobre seu sucesso potencial de ter uma criança saudável”, diz o fundador da empresa, Stephen Butler.

O teste analisa as proteínas na urina de uma mulher, e pode prever as chances de um parto bem sucedido, um aborto espontâneo, ou pré-eclâmpsia, bem como se uma mulher está grávida de gêmeos.

A novidade foi inspirada na fertilização in vitro. Tradicionalmente, os embriões saudáveis ​​são escolhidos para a implantação em mulheres submetidas a este tratamento. Abordagens mais recentes removem uma célula de cada embrião precoce e usam um teste genético para rastrear números de cromossomos anormais ou mutações genéticas ligadas aos resultados ruins da gravidez, mas estes testes são caros, invasivos e podem estar equivocados.

Abordagens não-invasivas são o caminho a seguir, diz Francisco Dominguez na Fundação IVI em Valência, Espanha, que também vem tentando usar proteínas liberadas por embriões para prever a sua saúde.

Embriões secretam proteínas que aparecem no meio da cultura da fertilização in vitro ou na urina das mães. O teste de Butler usa um pequeno espectrômetro de massa, comumente encontrados em hospitais, para identificar todas estas proteínas na urina.

Para fazer suas previsões, a equipe usa um algoritmo desenvolvido por eles analisando amostras de 121 mulheres que estavam entre 6 e 10 semanas de gravidez. Ao identificar as diferenças nos perfis de proteínas das amostras, o algoritmo poderia determinar padrões que pareciam estar ligados ao aborto. Suas descobertas foram apresentadas na reunião anual da Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia em Lisboa, Portugal, em junho deste ano.

Outros algoritmos podem prever gêmeos, ou se o feto é susceptível de ser portador de anomalias cromossômicas. Mas antes que o teste seja oferecido amplamente, a equipe quer afinar os algoritmos. Eles estão planejando analisar cerca de 10 mil amostras para melhorar a detecção de anormalidades cromossômicas que causam a síndrome de Down, por exemplo, antes de desenvolver um kit de teste de casa.

Um teste para o risco de aborto seria útil, mas apenas se fosse extremamente preciso, afirmou Zev Williams, estudioso da Escola de Medicina Albert Einstein da Universidade de Yeshiva, em Nova York.

“Você não gostaria de ter um monte de mulheres sendo falsamente tranquilizadas”, afirmou..

As causas de muitas abortos são um mistério e nem sempre podem ser evitadas. Ainda assim, Dominguez pensa que testes preditivos baseado em urina são uma promessa importante:

“Este é o futuro.”

 



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