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MPF apura atuação de youtuber acusado de intimidar comunidade acadêmica da UnB
05/05/2025

(Foto: Reprodução)
Anderson Costa
O Ministério Público Federal (MPF) abriu uma investigação para apurar denúncias de intimidação e ameaças dirigidas a professores, estudantes e servidores da Universidade de Brasília (UnB). Segundo o órgão, os ataques estariam ligados à atuação de grupos de extrema-direita incentivados por conteúdos divulgados nas redes sociais.
Um dos principais alvos da investigação é o youtuber Wilker Leão, que se matriculou no curso de História da universidade. De acordo com o MPF, Leão teria ingressado na instituição com a intenção explícita de produzir e divulgar vídeos que colocam em xeque a credibilidade da UnB e de seus profissionais, promovendo um ambiente hostil e desestabilizador.
O influenciador grava aulas e atividades acadêmicas, publicando os vídeos em seu canal no YouTube. Para o MPF, os materiais são apresentados de forma “descontextualizada”, o que estaria incitando a audiência a praticar ataques virtuais e ameaças contra membros da comunidade universitária.
As visões das Universidades
Membros da comunidade acadêmica expressam preocupações quanto às intenções de Leão. Lucas Brito, professor da disciplina Pensamento LGBT Brasileiro na UnB, destacou que a presença do youtuber em sala de aula parece estar mais voltada para a produção de conteúdo nas redes sociais do que para o engajamento acadêmico.
“A universidade é plural e, na nossa sala de aula, cabem todas as formas de pensamento. Ter alunos de diferentes posicionamentos enriquece nossos debates. No entanto, nos parece que a presença dele em sala de aula está mais orientada para a produção de conteúdo para as redes sociais e uma possível monetização, com base em uma estratégia de desmoralização da universidade pública”, afirmou Brito.
Na Paraíba
A atuação de Wilker Leão, no entanto, é defendida por alguns militantes de direita. Lucas Lima, estudante da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), afirmou que apoia a iniciativa do youtuber, embora discorde de seus métodos.
“Wilker está expondo uma realidade que muitos preferem esconder. Não concordo com a forma como ele grava colegas, mas a denúncia que ele faz é necessária. Já fui punido por expressar opiniões políticas na UFPB, então sei o que ele enfrenta”, declarou Lucas.
Na avaliação do Ministério Público, essas ações violam direitos fundamentais, como a liberdade de pensamento, a integridade dos docentes e alunos e a convivência democrática — princípios considerados essenciais em um ambiente universitário.
A investigação segue em andamento, enquanto o MPF avalia medidas para garantir a segurança da comunidade acadêmica e a preservação da convivência democrática nas universidades públicas.
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