Paraíba
Artista visual paraibano João Lobo expõe as Itacoatiaras do Ingá na Europa
29/08/2022

O artista visual e fotógrafo paraibano João Lobo. (Foto: Cácio Murilo/Divulgação)
Portal WSCOM
O artista visual João Lobo, natural de Brejo do Cruz-PB, expõe um trabalho produzido a partir das inscrições rupestres das Itacoatiaras do Ingá a convite do Museu Nacional de História Natural e da Ciência de Portugal, por conta das comemorações dos 200 anos de Independência do Brasil.
Radicado na Europa, o artista luso-brasileiro iniciou este trabalho por volta de 2004. Escolheu fotografar com filmes analógicos com datas de validades alteradas, com o intuito de subverter a técnica e reproduzir impressões visuais ampliadas das gravuras do rochedo. Despois, utilizando a tecnologia digital produziu imagens com longas exposições e muitas variações nos movimentos.
“Os desenhos que ali estão já são obras de arte. Não fazia sentido reproduzir mimeticamente aquele painel. Dessa forma, trabalhei com diversos recursos fotográficos para apresentar uma leitura artística com as minhas impressões pessoais, a minha expressão”, diz João Lobo.
Este projeto é amplo e está em fase de produção. A sua versão original, “Itacoatiara Luz e Mistério”, conta com a poesia de Juca Pontes, os desenhos de José Rufino e a produção de um filme. Porém, diante do convite da Instituição portuguesa para celebrar a efeméride, João Lobo resgatou parte deste trabalho (inédito) e montou um conjunto de obras para formar “ÏNDICE itacoatiara do ingá”, que também será publicado em livro trilingue com depoimentos de investigadores e críticos de artes relevantes do Brasil, Portugal, Argentina e Estados Unidos da América.
A exposição ÍNDICE itacoatiara do ingá
As gravuras incrustadas no paredão rochoso das Itacoatiaras de Ingá, servem de substancias para a criação de uma proposta artística com caracteres de diálogos entre o antigo e o moderno.
A leitura que o artista fez desta obra arqueológica, transpassa a pesquisa científica e sustenta a sua concepção no território da arte, onde a livre criação permite estabelecer o diálogo entre o antigo e moderno sem por em causa as fundamentações da ciência.
A experiencia do artista em contrariar os procedimentos técnicos formais, trás a lume nesta produção a riqueza plástica do sitio arqueológico do Ingá, quando serve de modelo para um trabalho em que os procedimentos técnicos são usados para promover um diálogo uníssono entre o antigo e o moderno. Entre o analógico e o digital.
Dessa forma, as obras apresentadas nessa mostra possuem características plástica próprias, dissonantes, mas que dialogam em uma só frequência consoante a linha discursiva que as gravuras da pedra do Ingá podem fornecer a arte e ao artista.
O conceito
Para promover a discussão sobre a significação das figuras gravadas no monolítico do município paraibano, o artista faz alusão a indicialidade de cada desenho a um capítulo enciclopédico, quando as imagens transportam o circunstante em uma viagem através do tempo e espaço.
Neste percurso escrito na pedra e agora revelado pela visão artística, o passado e o presente coadunam o mesmo espaço e sustentam o dialogo de uma escritura que transpassou milénios para se instalar no presente com inequívoca característica do futuro revelado pela criação do artista brasileiro.
Para estabelecer essa linha discursiva, ÍNDICE desconsidera as formalidades técnicas e constrói a sua expressão com formatos que transpassam a representação mimética para firmar os conceitos na interpretação do espectador. Para isso, utiliza a linguagem fotográfica em suas vertentes possíveis tendo o analógico e o digital unidos em uma mesma proposta criativa.
ÍNDICE itacoatiara do ingá, pretende estimular a criação de um discurso onde os desenhos incrustados na pedra forneçam pistas capitulares de uma escritura que ainda está por se compreender. E dessa forma, demonstra a pequenez da enciclopédia humana, onde os enigmas da antiguidade podem ser compreensíveis com os recursos criativos da arte e a ousadia inquieta de artistas que reinterpreta-os e, a sua maneira, expressa-os.
A estrutura
A exposição ÍNDICE itacoatiara do ingá tem como fundamento estrutural um percurso no tempo e no espaço apoiado nas formas geométricas gravadas no monolítico em linha com as diversas formas tecnológicas disponíveis na atualidade.
A perfeição com que os símbolos foram construídos em baixo relevo, reflete diretamente na estruturação desta mostra artística.
Para estabelecer com melhor clareza o diálogo, a exposição apresenta um capítulo, YESTERDAY, onde faz uso da tecnologia fotográfica analógica e constrói obras com caracteres antigos que convida o observador a uma viagem ao passado.
Em seguida, apresenta um conjunto de obras com características miméticas, mas sem desconsiderar os aspectos enigmáticos que a própria matéria possui, para atualizar a observação trazendo-a aos dias de hoje: TODAY.
No capítulo final, TOMORROW, a exposição ÍNDICE itacoatiara do ingá, fornece a condição da universalidade e motiva o diálogo – passado, presente e futuro – como fator prevalecente da expressão criativa do artista. Não estabelece limites; não impõe circunstâncias, mas, abre perspectivas de perceção acerca daquelas formas de comunicação que fazem a imaginação do visitante intuir a sua própria conceção.
O conjunto de imagens desta mostra divide-se em três blocos de dez obras que traçam uma linha discursiva sobre o tempo e espaço. O primeiro bloco diz respeito a uma série de imagens impressas em materiais diversos (madeira, tela, tecido) com variados formatos que sugerem uma leitura com caracteres antigos. Estas peças serão montadas em suportes que vão da madeira antiga e molduras da era pombalina.
No segundo momento, serão impressas em papel fotográfico dez fotografias em tamanhos de 70x50cm com molduras, laqueadas com verniz para fornecer elementos de leituras que consolidem o aspecto da atualidade.
Já o terceiro bloco, são fotografias impressas em acrílicos, 70x50cm, com aspectos tridimensionais que têm a intenção de representar o formato futurista.
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