Economia & Negócios

Após calote, agência de risco rebaixa nota de 10 empresas argentinas


03/08/2014



A agência de risco Fitch rebaixou a nota de dez empresas argentinas, entre elas a estatal petrolífera YPF, após o país atrasar o pagamento de uma parcela da dívida renegociada com credores e entrar em moratória.

Por conta do calote, o país teve a nota reduzida pela mesma agência na quinta-feira (31) para calote restrito. Na quarta, ainda antes do fim da última reunião de negociação antes do fim do prazo para o pagamento, a Standard&Poor’s já havia rebaixado a nota da Argentina.

Sete companhias foram rebaixadas para "CCC", o primeiro nível na escala considerada "lixo", que indica alto risco de inadimplência. Apenas Arcor e Pan American Energy ficaram acima desse nível.

As empresas argentinas que tiveram a nota reduzida nesta sexta-feira (1) foram: YPF, Alto Palermo, Arcor, Capex, Celulosa Argentina, Compania Latinoamericana de Infraestructura y Servicios, Cresud, Inversiones y Representaciones, Mastellone Hermanos e Pan American Energy.

A redução da nota das empresas reflete o "enfraquecimento do cenário macroeconômico do país", diz a Fitch. A agência aponta que por conta do calote deve haver aumento de inflação no país e uma maior contração da economia, que já está retraída. "A ação negativa do rating também reflete a maior dificuldade que o país deve ter no acesso a divisas internacionais (dinheiro de fora)", afirma a agência.

A nota dada pelas agências de risco, por outro lado, indica o grau de possibilidade de não pagamento de dívidas de uma empresa ou país. Por conta disso, o rebaixamento também tende elevar o custo de empréstimos – já que os investidores consideram o risco ao determinar o custo do crédito.

Calote

A Argentina ultrapassou na quarta-feira (30) o prazo para pagamento de uma dívida com credores que haviam feito a renegociação, e com isso passou à situação de calote.

A moratória do país é consuderada seletiva e técnica, já que a quitação da parcela está bloqueada pela Justiça porque a sentença determinou que o país precisa primeiro pagar os fundos, para só então poder quitar as demais dívidas.

O governo de Cristina Kirchner rejeita a palavra calote para designar o atraso de pagamento porque o dinheiro está parado na Justiça. O ministro argentino da economia, Axel Kicillof, disse que "é uma bobagem atômica dizer que entramos em default".

Nesta sexta houve uma nova reunião de negociação entre o governo argentino e os fundos, e o juiz norte-americano Thomas Griesa determinou que as partes cheguem a um acordo. "De volta ao trabalho", resumiu.

Argentina ‘quebrada’ e ‘doente’

No primeiro pronunciamento após o fim do prazo para o pagamento da dívida renegociada, que colocouo país em situação de calote, a presidente Cristina Kirchner disse que a vida segue, mas também afirmou que o país está "quebrado e doente".

"É hora de o mundo colocar freios nos fundos abutres e nos bancos insaciáveis que querem seguir lucrando com uma Argentina quebrada e doente", disse, acrescentando que o país Argentina irá usar "todas as medidas judiciais possíveis".



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