Saúde

Ação de saúde realiza mutirão de atendimentos auditivos em pacientes da Paraíba

SAÚDE


01/04/2017



“Descobrir que minha filha havia nascido com surdez profunda bilateral me deixou muito angustiada e preocupada. Aos dois meses de vida, ela não respondia a nenhum som do ambiente, foi aí que suspeitei que alguma coisa estava errada. A confirmação do problema auditivo veio por meio de exames, quando ela tinha seis meses de nascida. A esperança ressurgiu, quando fui informada por uma médica sobre o implante coclear. Daí em diante começou uma série de consultas ao otorrinolaringologista e fonoaudióloga até a realização do procedimento, que foi feito em minha filha aos três anos de idade”, relembrou a técnica de informática, Tânia Gouveia, mãe de Ana Beatriz, de 15 anos.

A mãe de Ana Beatriz ainda destacou as mudanças que o implante causou na vida da filha e da família. “O procedimento devolveu a vida social. Minha filha hoje é uma adolescente normal, que se socializa com outras pessoas. O implante trouxe independência para ela”, defendeu.

Com o objetivo de agilizar o tratamento de casos como o da Ana, nesta sexta-feira (31), das 7h às 17h, no auditório da Fundação de Apoio ao Deficiente (Funad), em João Pessoa, foi realizada a ação de saúde “Quero Escutar”, que possibilitou um mutirão de atendimentos para pessoas com algum tipo ou grau de perda auditiva.

Na ocasião, os pacientes com problemas auditivos passaram por uma triagem e em seguida foram encaminhados para realizar o tratamento e acompanhamento adequado nas unidades de saúde, que são referência no atendimento.

De acordo com a organização da ação, uma média de 400 pacientes foram atendidos durante o mutirão. Além das avaliações médicas, foram disponibilizados para a população exames, a exemplo, do Teste da Orelhinha, do sistema Baha e da Meatoscopia.
Entre as soluções para problemas auditivos, que foram apresentadas durante os atendimentos, estão o Sistema Baha e o Implante Coclear.

Para a fonoaudióloga da Politec Saúde de São Paulo, Agatha Jonier “o evento foi um sucesso, pois proporcionou um acolhimento humanizado para os portadores de deficiência auditiva da Paraíba, além de um encaminhamento adequado para o tratamento e orientações para os usuários do Sistema Único de Saúde (Sus) e conveniados a planos de saúde. Outro fator importante foi a participação dos estudantes de fonoaudiologia da UFPB e Unipê, que ajudaram na triagem e na ocasião aprenderam e trocaram experiências com a equipe médica. ”, ressaltou.
A Presidente da Funad, Simone Jordão, destacou que “o evento foi muito positivo e possibilitou o acesso da população paraibana aos especialistas em tratamentos e cirurgias auditivas”, avaliou.

O advogado e servidor público da cidade de Natal, no Rio Grande do Norte, Bráulio Costa, de 32 anos, veio à Paraíba especialmente para participar do evento. Ele descreveu como foi o momento em que descobriu a perda auditiva irreversível no ouvido esquerdo, devido ter ficado muito próximo a um carro de som, durante um carnaval fora de época em sua cidade. “Isso aconteceu em 2008. A sensação foi de angústia. Fui dormir normal e ouvindo bem, quando me acordei já não escutava nada. Mas para meu alívio descobri que havia uma saída, o implante coclear, que pude realizar pelo Sistema Único de Saúde (Sus), em 2009. Sou muito grato por essa tecnologia existir e trazer uma melhor qualidade de vida para mim”, ressaltou.

Parceria: A ação foi promovida pela Cochlear, líder global em soluções auditivas implantáveis, com apoio da Politec Saúde, Medical Care e da Funad.

Para a professora de audiologia da UFPB, Hannalice Gottschalck Cavalcanti que disponibilizou 15 alunos do curso de fonoaudiologia, para participar de forma voluntária da ação, “o evento é extremamente importante para detectar os problemas auditivos, especialmente nas crianças que têm perda auditiva e que não tiveram acesso a um diagnóstico cedo ou então que fizeram um teste na maternidade e a mãe não seguiu o monitoramento que foi recomendado. Nessas ações, a população tem acesso mais fácil ao atendimento, com a presença do médico, já que a dificuldade também é o acesso ao médico, além de ser uma oportunidade importante para a triagem e orientações. É necessário conscientizar a população para que a perda auditiva diminua. A participação dos estudantes da área é relevante, no sentido de treinar as habilidades, ouvir as queixas da população, além de trocar experiências com a equipe médica”, defendeu.

Dados:
A audição é um dos sentidos mais importantes, além de ser o principal canal pelo qual a linguagem e a fala são desenvolvidas. De acordo com Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na Paraíba cerca de 230 mil pessoas têm algum tipo de perda auditiva, estão incluídas nesse número mais de seis mil pessoas, que não conseguem ouvir de modo algum.

Alguns cuidados essenciais com a saúde auditiva:

Evitar exposição a som alto e barulhos de cornetas, buzinas e tambores, utilizar protetores auriculares para minimizar os riscos de lesão nos dias de festa, além disso, evitar o uso incorreto e imprudente de cotonetes, assim como também impedir o uso do fone de ouvido em alto volume e tomar cuidado no momento do banho, para que a água não entre na parte interna do ouvido.

Serviço

Os pacientes com perda auditiva devem procurar um médico otorrinolaringologista, que fará o encaminhamento para os serviços de referência, onde acontecerá o acompanhamento adequado e realização de exames necessários.

Os portadores de deficiência auditiva que necessitarem usar um sistema de vibração ancorado ao osso (Sistema Baha) ou um implante Coclear deve ser encaminhado para uma fonoaudióloga, que fará uma avaliação mais detalhada. Os planos de saúde e o Sistema Único de Saúde (SUS) fazem o procedimento. Em João Pessoa o atendimento ambulatorial é realizado no Hospital Edson Ramalho e na Funad. Já as cirurgias são realizadas no Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW).

Os pacientes com qualquer tipo de perda auditiva podem tirar dúvidas pelos sites www.queroescutar.com/br ou www.cochlear.com/br.



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