Educação

Unipê sedia curso do Ministério da Saúde sobre doação e transplante de órgãos

Transplantes


24/05/2013

 “O maior desafio hoje é fazer com que os profissionais da área de saúde entendam o processo de doação e transplante de órgãos e notifiquem os casos de Morte Encefálica (ME) à Central de Transplantes do Estado. Pois, as notificações estão abaixo do esperado”, afirmou o médico nefrologista Reginaldo Boni, que coordena o “Curso de Implantação de Organização de Procura de Órgãos”, Ministério da Saúde (MS), que está acontecendo até este domingo (26), na Clínica-Escola de Enfermagem do Unipê, no campus universitário, em João Pessoa.

Referência no Brasil nessa área, o médico Reginaldo Boni disse que o objetivo do curso é justamente capacitar os profissionais de saúde (médicos e enfermeiros) no processo de doação de órgãos e transplantes, para aumentar o número de notificações de ME e de doadores efetivos (que podem doar pelo menos um órgão).

O “Diagnóstico de Morte Encefálica (ME)” também será abordado no curso, ministrado pelo médico Leandro Gama. A enfermeira Priscila Fukunaga e Rita Zanollo – referências na área – também ministrarão o curso.

Já a coordenadora da Central de Transplantes da Paraíba, Gyanna Lys Montenegro, vai falar sobre o Papel da Central de Transplantes. Segundo ela, o maior desafio que a equipe enfrenta nesse processo de doação e transplante é a resistência das famílias em doar os órgãos. A coordenadora informou que de janeiro a abril deste ano, a Central teve 18 pacientes com ME que poderiam ser doadores, mas apenas sete tiveram os órgãos doados para transplante. O ideal seria ter aproveitado os órgãos de pelo menos nove pacientes. “A grande barreira é vencer a negativa familiar. É um momento muito difícil para a família”, pontua Gyanna.

“Daí a importância de capacitar todos os profissionais de saúde para saber como abordar a família nessa situação, e continuar dando apoio a ela, mesmo se decidir que não vai doar os órgãos”, concluiu Reginaldo Boni.


Órgãos que “se perdem”

A cada dia, órgãos como coração, fígado e rim “se perdem” no Estado e deixam de salvar a vida de pessoas que estão na fila para transplante. Na Paraíba, 476 pessoas estão à espera de rim, fígado ou córnea. Segundo a chefe de Ações Estratégicas da Central de Transplantes da Paraíba, professora Myrian Carneiro de França, isso acontece por falta de notificação da equipe médica, pela demora em realizar o diagnóstico, pela falta de estrutura dos hospitais em relação aos equipamentos ou pela falta de capacitação dos profissionais para realizar os exames que comprovam a morte encefálica.

Segundo Myrian Carneiro, a Paraíba possui apenas dois aparelhos de Doppler Transcraniano, essenciais para o exame que detecta a morte encefálica (ME) do futuro doador. Eles estão instalados nos hospitais de Trauma da Capital e de Campina Grande, para atender a demanda de todo o Estado. Além disso, o equipamento do Trauma de João Pessoa está em manutenção. “O ideal seria que tivéssemos mais dois aparelhos”, comentou.

Morte encefálica: confirmação só após 3 exames e tempo mínimo de 8h

Myrian Carneiro explicou que, para ter o diagnóstico de morte encefálica (ME), são necessários três exames, sendo dois clínicos (com intervalo de seis horas entre um e outro para maiores de 2 anos de idade) e ainda um exame de imagem (que pode ser uma arteriografia, doppler ou eletroencefalograma, este último em caso de crianças menores de 2 anos).

“O tempo mínimo que se gasta para se concluir um protocolo de ME – de acordo com a resolução do CFM 1.480/1997 que prevê a realização desses três exames – é de oito horas. Depois de vencer todas as barreiras, ainda temos que conversar com a família para saber se ela vai querer doar os órgãos”, explicou Myrian Carneiro, que é mestre em Políticas de Saúde.

O jornalista Fernando Gabeira – que faleceu esta semana no Hospital de Trauma da Capital vítima de um AVC – poderia ter sido um doador potencial e seus órgãos (coração, rim e fígado) podiam ter ajudado a salvar outras vidas. “Mas houve parada cardiorrespiratória antes dos exames que comprovam a morte encefálica serem concluídos”, lamentou Myrian Carneiro.

Lei: só a família pode autorizar doação dos órgãos

Myrian Carneiro explicou que a Lei 10.211/1997 regulamenta a doação de órgãos no Brasil. “Ela diz que só a família pode autorizar a doação dos órgãos, mesmo o paciente tendo manifestado o desejo em vida. Por isso, é importante que a pessoa que quiser doar seus órgãos, manifeste o seu desejo em vida, porque a família geralmente tende a atender o pedido”, comentou.

Prêmio Estadual de incentivo à doação de órgãos

Em 2009, o Unipê ganhou o “Prêmio Estadual Destaque” pelo incentivo à doação de órgãos e a Central de Transplantes da Paraíba indicou a Instituição ao Prêmio Nacional, promovido pelo Ministério da Saúde.

CURSO DE IMPLANTAÇÃO DE ORGANIZAÇÃO DE PROCURA DE ÓRGÃOS

PROGRAMAÇÃO
Local: Clínica-Escola de Enfermagem do Unipê

Sexta feira – 24 de maio
08:00 Abertura
08:20 Processo de Doação de Órgãos e Tecidos
Dr. Reginaldo Boni
10:00 Intervalo
10:30 Ética e Legislação
Dra. Isabel Guerra
12:00 Almoço
14:00 às 17:00 Oficinas

Sábado 25 de maio
08:00 Diagnóstico de Morte Encefálica
Dr. Leandro Gama
09:30 Manutenção do Potencial doador
Dr. Laércio Stefano
10:30 Intervalo
11:00 Comunicação de más notícias e Entrevista familiar
Enf. Priscila Fukunaga
Rita Zanollo
12:30 Almoço
14:00 às 17:00 Oficinas
17:10 Papel da Central de Transplantes em João Pessoa
Dra. Gyanna Linys Montenegro

Domingo 26 de maio
08:00 Aula Prática de Financiamento e Alocação de Órgãos
10:00 Intervalo
11:00 Doação de Córneas
Dr. Reginaldo Boni
12:00 Apresentação dos grupos
Teste de avaliação
 



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