Brasil & Mundo

Rosa Godoy faz leituras comparadas sobre História passada e presente do Brasil

Leitura


03/02/2016



A professora aposentada da UFPB, Rosa Godoy, fez uma análise a partir do livro Flores, Votos e Balas, de Angela Alonso, que retrata questões relacionadas ao abolicionismo. Ela relata dados da atualidade que tem semelhanças com fases passadas de nossa história.

Em sua leitura, Rosa analisa as questões da construção do Brasil as relacionando com o desenvolvimento da sociedade e situação política atual do país.

Confira o texto na íntegra:

“Estou em meio à leitura do belo livro de Angela Alonso: Flores, votos e balas (Companhia das Letras,2015)., sobre o abolicionismo.

Não é à toa que eu, apaixonada por todos os períodos históricos, sempre tive minha paixão acima de todas pela História do Império brasileiro. Lá estão as grandes questões da construção do Brasil como nação, após a separação em1822 (recuso-me a usar o termo independência), questões essas que não se desdobraram para a construção de uma democracia, de uma república e de uma federação efetivas. Nem a República de 1889 resolveu isso. Nem 1930 e nem 1988.

Vendo os debates sobre a questão da Abolição, entende-se perfeitamente a permanência de grupos reacionários e racistas nesse país, que se consideravam como sendo eles o país e ignoravam as classes trabalhadoras. Não só ignoravam como reprimiam-nas violentamente (só lá no passado?).

Entende-se também a baixaria do Congresso, as xingações dos nossos doutos parlamentares, as manobras escusas, e os sopapos. Tudo estava lá.
Carregamos para sempre a vergonha de termos sido o último país a abolir o sistema escravista. Aquele. Há outros redivivos.

Hoje, leio a notícia de que os juristas ingleses estão estarrecidos com a afronta da Operação Lava Jato ao Estado de Direito no Brasil. Carregaremos mais essa? As elites brasileiras querem esticar a corda para ver até onde podem continuar a manter uma sociedade de privilégios, sem obedecerem a lei. Suprimindo direitos dos trabalhadores (há uma série de projetos tramitando no Congresso, nesse sentido).

Como diria Marx: a História se repete a segunda vez como farsa. Mas tudo indica que, no caso brasileiro, a segunda vez também será uma tragédia. Pois não é farsa o que está acontecendo. E pode custar caro para toda a sociedade brasileira. Corre-se, mais uma vez,o risco de comprometermos o futuro da nação,como aconteceu em 1822 e, em especial, em 1888.”



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