Política

Ramos diz que tomou ‘escondido’ vacina contra Covid e que teme por Bolsonaro não se vacinar

Ministro fez afirmação durante reunião do Conselho de Saúde Suplementar. Na mesma reunião, Paulo Guedes criticou vacina chinesa — ele não sabia que havia transmissão por rede social.


27/04/2021

Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

Brasil 247



O ministro Luiz Eduardo Ramos, da Casa Civil, afirmou nesta terça-feira, durante reunião do Conselho de Saúde Suplementar, que tomou “escondido” a vacina contra a Covid-19 e que tenta convencer o presidente Jair Bolsonaro a se vacinar também. A declaração foi divulgada pela rádio CBN.

Na mesma reunião, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que os chineses “inventaram” o coronavírus, e que a vacina do país para impedir o avanço da doença é “menos efetiva” do que o imunizante da Pfizer, dos Estados Unidos — o próprio Guedes já foi vacinado, com a CoronaVac, de origem chinesa.

Os ministros não sabiam que a reunião do conselho estava sendo gravada e transmitida por redes sociais. Quando foi informado, Guedes disse: “Não mandem para o ar”. Após a reunião, o Ministério da Saúde retirou o vídeo da página da rede social da pasta.

“Tomei, foi em Brasília, ali no Shopping Iguatemi. Tomei escondido porque a orientação era para todo mundo ir para casa, mas vazou. Mas tomei mesmo, não tenho vergonha não. Eu tomei e vou ser sincero porque eu, como qualquer ser humano, eu quero viver. Eu tenho dois netos maravilhosos, eu tenho uma mulher linda, eu tenho sonhos ainda. Então, eu quero viver, pô. E se a ciência, a medicina, fala que é a vacina — né Guedes? —, quem sou eu para me contrapor?”, disse Luiz Eduardo Ramos.

Desde o início da pandemia, o presidente Jair Bolsonaro já questionou várias vezes a necessidade de vacinação. Afirmou que a vacinação não poderia ser obrigatória, a fim de se preservar o direito individual de escolha. Também criticou e chegou a rejeitar a compra da CoronaVac, atualmente a vacina que responde pela maioria das imunizações dos brasileiros já vacinados. Recentemente, Bolsonaro disse que seria o “último da fila” da vacina — que poderia tomar depois que todos estivessem imunizados.

Líderes de outros países, como Joe Biden (Estados Unidos), Benjamin Netanyahu (Israel) e Alberto Fernández (Argentina), foram vacinados em eventos públicos, como forma de estimular a população a fazer o mesmo.

Para Ramos, o comportamento do presidente representa um risco.

“Estou envolvido pessoalmente, tentando convencer o nosso presidente, independente de todos os posicionamentos. E nós não podemos perder o presidente para um vírus desse. A vida dele no momento corre risco. Ele tem 65 anos”, afirmou o ministro.

Como exemplo do risco, Ramos mencionou um oficial de 38 anos com quem trabalhava e que, segundo ele, morreu de Covid.

“Eu já me vacinei, o Guedes também. E tenho tentado convencer o presidente de que essa cepa — eu tive Covid em outubro do ano passado — ela é uma variante muito violenta que está ceifando vidas e próximas da gente. Na outra leva, isso não acontecia. Eu tenho um coronel que trabalha comigo na reserva, coronel, um homem de 38 anos, saudável, fazia maratona, tudo. Pegou Covid e em dez dias morreu”, disse.

Explicação da Casa Civil

Consultada pela TV Globo, a assessoria de comunicação da Casa Civil afirmou que o ministro fez a afirmação “de maneira informal” e não tomou vacina escondido.

Leia abaixo a íntegra da resposta da pasta:

A Casa Civil esclarece que no dia 18 de abril, como cidadão comum, em seu carro e enfrentando fila como qualquer brasileiro, o ministro tomou a primeira dose da vacina da Astrazeneca, em um posto em Brasília/DF.

Ao dizer, de maneira informal, que teria tomado a vacina “escondido”, o ministro se referia ao fato de ali estar um dos mais de 38 milhões de brasileiros que já se vacinaram e não um ministro de Estado.

É importante ressaltar que a vacinação do ministro foi divulgada, à época, na imprensa. O ministro, portanto, não tomou a vacina de forma escondida e nunca foi orientado a não relatar tal fato. Apenas não quis fazer desse momento um ato político.



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