Educação

Questão do Enem com gasolina com ‘z’ tem contexto histórico, diz MEC

MEC


27/10/2013

Neste sábado (26), uma questão da prova de ciências humanas e suas tecnologias relacionada ao governo de Juscelino Kubitschek mostra na charge do cartunista baiano Djalma Pires Ferreira, que assinava como Théo, a palavra gasolina com "z", em vez de trazer a escrita atual, que é com "s". A grafia chamou a atenção de alguns candidatos que prestaram a prova. Nas redes sociais, alguns até brincaram com a situação, falando que "aprenderam no Enem" a nova forma de se escrever.

Procurado pelo G1, o MEC afirmou que a charge foi inserida na íntegra na prova deste sábado e que tem um contexto histórico e irônico. O ministério lembrou ainda que outra palavra ("doutô") também aparece fora da norma culta na charge.

As provas de ciências humanas e de ciências da natureza abordaram ainda elementos de cultura pop, como a canção "Disneylândia", do grupo Titãs. A partir dos versos da canção, o Enem pediu que os candidatos relacionassem as situações de comércio e produção no mundo. A prova selecionou trechos da música como "Pilhas americanas alimentam eletrodomésticos ingleses na Nova Guiné/Gasolina árabe alimenta automóveis americanos na África do Sul./(…)/Crianças iraquianas fugidas da guerra/Não obtém visto no consulado americano do Egito/Para entrarem na Disneylândia". A música faz parte do álbum "Titanomaquia", lançado em 1993.

O professor de história do Brasil da UFRJ, Renato Lemos, que compilou charges no livro apontado pelo Enem como local de onde extraiu o desenho, "Uma história através da caricatura (1840-2001)", afirma que a palavra gasolina foi escrita com "z" pelo autor. "A charge foi publicada em 1960, depois da primeira reforma ortográfica, que foi em 1943 e que definiu gasolina com ‘s’. Mas as pessoas, por um bom tempo, ainda usaram ‘gás’ e ‘gasolina’, por exemplo, com ‘z’", afirma.

O livro, segundo o professor, é usado em muitos vestibulares por conter charges que refletem vários períodos históricos do país. Mas, ele afirma que não foi avisado pelo MEC que sua obra seria utilizada na prova.

O professor Sérgio Nogueira, colunista do G1, afirma que a palavra nunca foi escrita com "z", nem mesmo na época em que a charge foi publicada, em 1960. "Antes de 1943, não havia registro das palavras. Mas depois aconteceu a reforma ortográfica. Pode ser uma ironia do chargista", conta.

A prova trouxe outra charge, desta vez sobre usuários de redes sociais e sua relação com o "mundo real", em que o personagem, que afirmava estar ter perfis na maioria dos sites, não estava presente em lugar nenhum da "vida real". Ela foi usada para perguntar ao candidato qual era a crítica feita no texto.



Os comentários a seguir são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.
// //