Economia

Quem são os desbancarizados e como é feita a sua análise de crédito

Entenda como incluir os desbancarizados na sua avaliação de risco de crédito


25/10/2023



Nem todo brasileiro tem conta em banco. Segundo dados do Banco Central, 16% da população adulta está desbancarizada.

A verdade é que a adesão a contas bancárias cresceu 14% desde 2019 e a movimentação de contas bancárias também. Mas como ficam os insights de consumidores e a análise de crédito para esse público?

Veja como utilizar a tecnologia a seu favor na hora de fazer a análise de risco dos seus clientes – de maneira inclusiva e democrática.

O que é desbancarizado?

Ao pé da letra, desbancarizado é a união do prefixo sem (des) com banco (bancarizado). Então trata-se da pessoa que não possui uma conta bancária e não faz movimentações financeiras por esse meio tradicional.

Quem são os desbancarizados?

O perfil de desbancarizados no mundo (1,7 bilhões de pessoas, segundo a Global Findex) é em grande maioria de pessoas que estão em exclusão financeira.

Normalmente, são pessoas que vivem em países em desenvolvimento, como África e América do Sul – segundo estudo “Financial Inclusion – Evolution and The Digital Push” (Inclusão Digital – Evolução e o Impulso Digital), da Capco. E os motivos são vários:

  • taxas altas
  • distância física entre casas e agências
  • dívidas
  • não confiar em bancos
  • burocracia
  • baixa educação financeira
  • trabalho informal
  • entre outros

Entre os brasileiros, são 188,3 milhões de pessoas sem conta bancária. Em geral são pessoas das classes C, D e E, com renda de até R$2 mil por pessoa.

A verdade é que metade desse público ganha menos do que gasta, o que faz com que não tenham fôlego para ter uma reserva de emergência, por exemplo.

E as classes CDE são as maiores recém-bancarizadas dos últimos 2 anos, com grande adesão a bancos digitais (dados do estudo Inclusão Financeira no Brasil, da Baillie Gifford em parceria com o Plano CDE 2022). A maior parte são mulheres (62%). Isso pelas seguintes razões:

  • facilidade de uso;
  • acesso a cartão sem anuidade;
  • gratuidade na conta.

Porque incluir os desbancarizados no acesso a crédito?

Quem não lembra do filme Sim Senhor, com o Jim Carrey? Basicamente, o personagem se compromete a dizer sim pra tudo na vida, depois de assistir uma palestra motivacional. Só que ele trabalhava no setor de disponibilização de crédito de um Banco.

Ele disse sim a todos os pedidos de empréstimo – inclusive para aqueles que jamais conseguiriam esse acesso. A surpresa para o banco é que o índice de inadimplência era baixíssimo, pois essas pessoas pagavam em dia e conseguiram melhorar – e muito – as suas vidas.

Não, não é pra você deixar de lado a análise de risco e emprestar dinheiro pra todo mundo. Aqui é apenas uma reflexão dos critérios de avaliação usados pelos sistemas tradicionais.

O que contribuiu com a diminuição de desbancarizados no Brasil?

Não tão antigamente assim – na verdade há poucos anos – a concorrência entre bancos no brasil não era tão alta. Poucas instituições financeiras comandavam o mercado e as opções de acesso ao crédito eram limitadas para quem não possuía muita renda.

Surgimento das Fintechs

Essa tendência começou a mudar com o crescimento de fintechs que trabalham com Open Finance – um sistema de “Banco Aberto”, onde os dados são compartilhados entre instituições financeiras (respeitando a LGPD).

Essas empresas de tecnologia voltadas à finanças começaram a fazer operações que antes somente bancos podiam fazer. Tudo sem o vínculo e burocracia que vem com o sistema tradicional de bancos.

O acesso facilitado foi um dos fatores que contribuíram com essa adesão.

Auxílio Emergencial

Segundo o Banco Central, outro fator foi o auxílio emergencial do Governo Federal em 2020, que era cedido por meio de aplicativo de banco.

Um levantamento do Americas Market Intelligence, em parceria com a MasterCard, aponta que 66 milhões de pessoas fizeram adesão à conta digital gratuita para receber a ajuda do governo.

Pix

Já não dá para imaginar um mundo sem Pix, não é? Mas foi em novembro de 2020 que esse sistema de transferência e pagamentos começou a operar no Brasil. A adesão foi tremenda entre os consumidores: são mais de 450 milhões de chaves cadastradas por mais de 130 milhões de pessoas.

O Pix veio para facilitar as transações financeiras digitais e teve adesão até de quem nunca tinha feito uma transação digital na vida (50% dos usuários do PIX).

Mas porque uma adesão tão alta? É simples: o consumidor não paga para fazer transferências por Pix – uma boa alternativa para transferências bancárias TED e DOC, que são tarifadas.

A única exigência para fazer um Pix é ter uma conta em um banco tradicional ou uma carteira digital.

Como é feita a análise de crédito de desbancarizados?

Antes de falar sobre como é feita a análise de crédito de desbancarizados, vale lembrar o que os bancos costumam avaliar quando fazem análise de crédito:

  • dados pessoais;
  • dados residenciais;
  • renda;
  • score do comprador;
  • emprego e estabilidade;
  • garantias e avalistas;
  • capacidade de pagamento;
  • histórico de crédito;
  • dívidas atuais.

A aposta no desenvolvimento de tecnologia simplificou esse processo, já que muita dessa avaliação se dava pelo histórico do cliente em bancos. Ferramentas financeiras que usam Inteligência Artificial, como o 1 datapipe, ajudam a ampliar esse processo de análise com:

  • análise de risco de crédito;
  • inclusão de sub bancarizados no processo de análise ao avaliar mais fatores que outras empresas;
  • detecção de prováveis fraudes.

Com acesso ao Big Data – um grande conglomerado de dados – a Inteligência Artificial permitiu que outros aspectos fossem avaliados na hora de mensurar o risco de crédito de um desbancarizado, e faz isso com muito mais rapidez.

Em vez de se limitar ao que os sistemas tradicionais avaliam, informações como padrões de consumo, capacidade de gastos, presença digital também podem entrar na análise de risco para gerar novos insights.

O fato é que a evolução tecnológica veio para democratizar o acesso a sistemas financeiros. A inclusão de desbancarizados nesses processos veio para ficar e para transformar a realidade social.



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