Paraíba

Polícia Federal abre arquivo para Comissão Estadual da Verdade da Paraíba


13/11/2014



Representantes da Comissão Estadual da Verdade e da Preservação da Memória da Paraíba (CEV-PB) e da Polícia Federal, com sede em Cabedelo, realizaram uma reunião, nessa quarta-feira (12), para discutirem a abertura dos arquivos policiais referentes ao período da Ditadura Militar no Brasil. A Comissão da Verdade foi representada pelo presidente da Comissão, professor Paulo Giovani, além dos integrantes Waldir Porfírio e Lúcia Guerra.

Eles foram recebidos pelo superintendente da Polícia Federal na Paraíba, Nivaldo Farias. Na ocasião, foram firmadas parcerias com o órgão, além de um acordo de cooperação. “Todos estão de parabéns pela iniciativa, daremos todo apoio em nossas sedes de João Pessoa, Campina Grande e Patos para mostrar todos os nossos arquivos. Não sabemos o que temos, pois após as investigações transformamos tudo em inquéritos policiais e encaminhamos à Justiça, mas estaremos à disposição para o que for preciso contribuir”, ressaltou o superintendente.

Para o advogado Waldir Porfírio, as pesquisas levantadas deixarão um legado histórico para a Paraíba. “Queremos ajudar a preservar a memória do nosso país e repassar as descobertas, através das escolas, para a novas gerações que precisam ter conhecimento do que verdadeiramente houve em nosso Estado. Só olhando para o passado é que podemos evoluir e construir um futuro cada vez melhor”, frisou.

De acordo com o chefe do setor de administração e logística da Polícia Federal, Leonardo Gomes Vieira, cuidador do arquivo do órgão, a parceria vai ser iniciada imediatamente. “Temos um projeto em fase de implantação com o curso de Arquivologia da Universidade Federal da Paraíba, onde traremos alunos estagiários para nos auxiliar neste árduo trabalho de organização para digitalizar, escanear arquivos e utilizar softwares específicos. No entanto, os historiadores da Comissão podem iniciar a pesquisa mais específica sem nenhum prejuízo de tempo”, afirmou.

A professora e historiadora Lúcia Guerra revelou que esse trabalho já vem sendo feito no arquivo da Polícia Militar, com a ajuda de estudantes universitários. “Fazemos uma pesquisa direcional utilizando apenas as temáticas específicas da época. Não tratamos de questões administrativas, por exemplo, que saiam do foco investigativo. Vamos começar este trabalho aqui na Polícia Federal o mais rápido possível para acelerar a finalização do nosso relatório”, explicou.

Audiências públicas – Criada em 2012 com a finalidade de buscar, por todos os meios de provas, esclarecer as violações de direitos humanos praticadas por agentes públicos contra qualquer pessoa no território da Paraíba, a Comissão Estadual da Verdade já realizou, até o momento, 21 audiências.

A última ocorreu no mês de agosto, na Universidade Federal da Paraíba, com três ex-estudantes guerrilheiros de Catolé do Rocha que, em 1969, faziam treinamento na Serra de Capim Açu e depois foram dar continuidade aos estudos em João Pessoa. Na Capital, passaram a ter contato com movimentos estudantis e a conhecerem lideranças da época. Assim, tiveram envolvimento com a Ditadura Militar.

“Continuamos nossos encontros periódicos da Comissão. Na próxima semana, Waldir Porfírio vai a Brasília receber os arquivos públicos da Comissão Nacional da Verdade que já está encerrado seus trabalhos. Pretendemos no final enviar tudo para o Memorial da Democracia que deve ser instalado na Fundação Casa de José Américo para o acesso de estudantes, historiadores, professores e curiosos que tenham interesse pela verdadeira história da Ditadura Militar na Paraíba”, contou o presidente da Comissão, professor Paulo Giovani.

Novas audiências – Na sexta-feira (21), a Comissão Nacional da Anistia será recebida na Paraíba para apresentação de documentação de 50 paraibanos que pediram ressarcimento. Serão entregues todos os documentos digitalizados, às 9h, no auditório do Centro de Ciência Humanas, Letras e Artes (CCHLA), da UFPB. Está previsto ainda, para o dia 27 de novembro, mais uma audiência pública, desta vez com parlamentares cassados a ser realizada na sede da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Paraíba. Entre os convidados, está o senador eleito José Targino Maranhão.

 



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