Política

Padre e deputado, Couto fala sobre ‘trans’ crucificada e prega o diálogo e a tol

na Câmara


18/06/2015

Padre da igreja católica, o deputado federal Luiz Couto (PT-PB) registrou na Câmara dos Deputados, esta semana, o artigo elaborado pelo pastor Henrique Vieira, professor, teólogo e militante, pastor da Igreja Batista do Caminho, eleito vereador pelo PSOL, na cidade de Niterói (RJ).

O vereador, em seu texto, se refere à Viviany Beleboni, uma modelo transexual que ficou conhecida em todo o país depois de aparecer crucificada na Parada do Orgulho LGBT de São Paulo.

Ao registrar o artigo do pastor, o deputado Luiz Couto enfatizou que o texto mostra a diferença do caminhar cristão. "O que está ligado ao comportamento de Cristo é saber diferenciar os falsos mestres e as ovelhas do Senhor. O que o vereador e cristão aponta é a necessidade do diálogo. Que muitos fundamentalistas excluem de seus dicionários. Não só aplaudo as palavras do Pastor como afirmo que nosso Senhor não vê como vê o homem. O homem vê o exterior, porém o Senhor, o coração", declarou.

Sobre o texto
De acordo com Couto, mesmo sendo religioso, o pastor chamou a atenção da sociedade para a falta de diálogo e o julgamento imediato feito por fundamentalistas da encenação protagonizada por Viviany: "Diálogo pressupõe falar e ouvir, reconhecimento da dignidade do outro. Diálogo não significa supressão de identidade, mas a possibilidade de colocar a identidade em encontro com outras vozes. Diálogo indica respeito, tolerância e solidariedade. O fundamentalismo religioso não dialoga. Ele ama mais a doutrina que o próprio Deus porque acredita que sua doutrina é exatamente igual a Deus. O fundamentalismo nega qualquer diferença enquadrando o pensamento diferente como heresia a ser extirpada".

Couto ainda destacou outro ponto do texto, onde o pastor cita que milhares de cristãos que se sentem envergonhados com a brutal e perversa mercantilização, privatização e banalização televisiva, midiática, empresarial e fundamentalista da fé cristã e choram diante do ódio destilado por pastores sensacionalistas; sofrem por ver uma mensagem libertadora sendo usada para enriquecer poucos explorando a muitos, brincando com o sofrimento do povo.

O deputado paraibano ainda elogia o texto na parte específica a respeito da Parada LGBT, onde Henrique Vieira argumenta que deve ser entendida a dinâmica do espaço, pois nela diversas denúncias estavam sendo feitas. Couto cita em discurso o seguinte trecho do artigo, na íntegra:

"Não julgo, não condeno e não me ofendo com a imagem da mulher trans crucificada. Como seria lindo se os cristãos não se preocupassem em defender a pureza do símbolo, mas conseguissem ir ao encontro da dor ali manifesta, do grito ali colocado para fora. O incômodo não deveria ser com a imagem, mas com a realidade que ela denuncia. O Brasil é um país com taxas absurdas de assassinatos motivados pelo ódio a LGBTs. s pessoas perdem casa, família, empregos, círculos afetivos por conta de sua orientação sexual não heteronormativa e de sua identidade de gênero. As pessoas sofrem violências psicológicas, físicas e fatais por conta desse preconceito. Meu Deus, as pessoas são assassinadas por conta deste ambiente de ódio. Olho para Jesus de Nazaré e vejo nele gestos de acolhimento, de rompimento de barreiras étnicas, culturais, religiosas".
 



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