Geral

No Baú com Santo Antônio


14/06/2011

Para evitar malentendidos
Digamos desde já que nos amamos

(Imagens I – Cacaso)

E assim se passou o dia de Santo Antônio! E com ele o dia dos Namorados. Fiquei a pensar sobre o assunto e, como estou numa fase de acesso ao Fundo do Baú (Comunidade virtual da qual faço parte), e completamente rendida às mídias sociais, revirei meus baús do Santo e …Nossa! Gostei do que vi.
E assim se passaram dez anos! Vinte! Trinta! Quarenta! Nossa ! Esse tal de tempo é mesmo tinhoso!
Sonhei acordada quando pré-adolescente, e fiz muitos filminhos ao som de Aldilá, Candelabro Italiano, Quando (Roberto Carlos) e Eu não sabia que você existia…(Leno & Lilian)
Meu primeiro namorado, peguei na mão no cinema…Bom! Disse a que veio.
O primeiro amor, também fui eu que peguei na mão!
E o terceiro amor, telefonei, convidei e dei vinho na boca. Ih! Parece que está faltando algum para ter pego na minha mão primeiro. Como era ansiosa, quem sabe por nervoso, dava sempre o primeiro passo. Até hoje chego antes nos lugares marcados…ou estados de espíritos…
Ouvi muitas serenatas. Ana, de Roberto Carlos era a preferida dos tocadores de fita…
Me apaixonei perdidamente. Perdi o prumo, o senso, os sentidos, e a cor. Fiquei amarela, roxa, vermelha, branca, lilás. E revirei os olhinhos.
Recebi flores, bilhetinhos picantes, bombons, telefonemas de madrugada, declarações como se o mundo acabasse amanhã…Dei tudo isso em troca também. Ou foi mesmo ao contrário?
Viajei léguas para encontros amorosos. Quis até ir para à França! Ou fui ali na esquina mesmo. À pé, correndo, sem fôlego;
Tive rompantes de pular no pescoço de paixão e raiva
Fiz as pazes em almofadas hippies com direito à trilha sonora;
Me agarrei muito no escurinho do cinema; nas esquinas, nos bancos, em lugares estranhos e comuns. Os filmes? Quem sabe!
Fiquei indignada como ele preferia namorar aquelazinha sem graça e não eu tão cheia de graça, ao doce balanço do mar.
Inventei mentiras. Assumi verdades . Transgredi. Perdi o sono.
Lugares românticos? No outono, na lavanderia, trocando livros em Notting Hill, e na ponte de Waterloo. So long, Farewell. Na Sorvelanche, no Liceu, no Cine Municipal, nas madrugadas, no portão de casa, à beira mar, no mar (alguns caldos!), no ar, no chão. Comendo éclair, ovos mexidos, sopa de feijão ou vatapá. Sim!
No Dentista ou na ladeira do ponto de cem réis! Na praia da Penha, dançando agarrado, e sem música (essa é a melhor coreografia!).No orelhão, no bar Motorcar ou em Sampa, com alguém que diz que lambeu o asfalto enquanto esperava à sua hora.
Lugares de um aceno, de um beijo, de um olhar quente e eletrizante; lugares de um sexo casual, selvagem ou bem comportado. Tudo ao seu tempo e à sua hora. Mas nem sempre tão organizado assim. O amor (des)organiza. Acho que tive meus momentos de devaneios, de prisão e libertação. Perambulei por zonas perigosas ou inocentes e deliciosas;
Nossa ! desencavei Cuzcu, a música Poco a Poco, e um estrangeiro de chapéu por entre as brumas, por entre os Incas. Festa no Reino !
Quando jovem, tem gente que faz você parar no tempo e no espaço. E aquele momento único de êxtase, faz com que se perca a cabeça, o senso, e todo e qualquer limite. Vivi isso poucas vezes, mas confesso que vivi!
Fiz parte da Ciranda do Amor. Afinal numa província e estudando nas Lourdinas, não tinha tantos candidatos assim. Ana que namorou fulano, que namorou Maria, que namorou José. Hoje, quando vejo fotos, engraçado. Os maridos trocados, as estórias entrelaçadas, os enredos? Coisa da pós modernidade? Fragmentado, estória e autobiografia costurada; fronteiras nebulosas; alguns gêneros nunca dantes navegados: prosa , poesia e tragicomédia. Ironias da vida, destino, fate, sincronicidades, alcovas, nostalgias, entrelugares, ficção e realidade. Mas quem há de negar que essa lhe é superior?

Disse adeus algumas vezes. Que dor. Que vazio. Que maus tratos. Que desolação. Que Desejo, sem reparação!

Também levei foras, tabefes de luvas de pelica, desilusões, traições, ões ões – Perdoa-me por te traíres! Faltas, ausências, silêncios, mas interessante é que, essa parte, inteligentemente, a gente não aciona tanto às gavetas do amor. Hoje só quero a maçã vermelha e adocicada. Hoje somente o abraço enamorado. Hoje, só os afagos dos Botões da Blusa e a sua barba mal feita de que tanto gosto. Sim! Suas mãos delicadas e lindas, percorrendo os meus arrepios.

Que bom que temos a memória para acessar às coisas boas. E deletar as inconvenientes. Hoje só quero dengos. Beijos. Na boca. Hoje só quero amor. Parece bobagem? Parece coisa de adolescente? Pois que venham esses anos de loucura e pouca idade, pois que venham toda e qualquer irresponsabilidade. Hoje eu não tenho idade. Hoje eu sou só amor.

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

(Vinicius, sempre Vinicius)

Feliz dia dos Namorados. Em algum lugar da vida. À qualquer tempo.

Ana Adelaide Peixoto, João Pessoa, 12 de Junho, 2011



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