Ambos os treinadores dominaram o Brasileirão nos últimos 20 anos com nove troféus – cinco para Luxemburgo e quatro para Muricy. Mas eles agora amargam o desemprego e viraram símbolo da má fase que assola a maioria dos técnicos veteranos.

Muricy foi demitido no fim de maio pela diretoria do Santos, em um processo de reformulação iniciado após a saída do atacante Neymar para o Barcelona. Luxemburgo saiu de forma surpreendente do Grêmio no final de junho, pouco antes da volta do Brasileirão, após a disputa da Copa das Confederações.

O Grêmio agiu rápido e anunciou o ídolo Renato Gaúcho para comandar o time. O Santos diz oficialmente que efetivou o interino Claudinei Oliveira, mas ainda busca nos bastidores opções para substituir Muricy.

A demissão no Grêmio é uma consequência da má fase de Luxemburgo após a sua passagem pelo galáctico Real Madrid em 2005. Desde então, o treinador fracassou em cinco clubes e só conseguiu troféus estaduais – três paulistas, um mineiro e um carioca.

As conquistas de Luxemburgo são diminuídas pelo custo que ele gera aos clubes que o contratam. O treinador pede uma comissão inflada, com direito a nutricionista e podólogo, quer jogadores considerados caros, como Barcos e Vargas, e cobra salários volumosos – no Grêmio ganhava cerca de R$ 600 mil por mês.

Muricy teve uma passagem bem sucedida pelo Santos no que diz respeito a títulos. O treinador amealhou quatro troféus em dois anos no comando do clube da Vila Belmiro: uma Libertadores, uma Recopa Sul-Americana e dois Paulistas.

Mas Muricy também foi cobrado pela diretoria e torcida pelo alto custo que gerou mensalmente para o Santos (cerca de R$ 700 mil), além de não aproveitar as categorias de base como os dirigentes gostariam. O treinador, porém, se irritou quando questionado sobre o seu aproveitamento dos garotos no clube da Vila Belmiro.

“Pra falar sobre você, eu tenho que saber das coisas. Não tem esse negócio de falaram. Falaram p… nenhuma. Pega os números. Mais de 20 jogadores eu lancei no Santos. Quando falam para você, você deveria contestar”, rebateu Muricy ao Bandsports.

O ‘fator Neymar’ também conta contra Muricy e a favor dos seus críticos, pois ele conquistou todos os títulos no Santos com a presença do melhor jogador da atual geração brasileira.

O mau momento de Luxemburgo e Muricy reflete a situação de vários treinadores considerados medalhões. Nomes como Joel Santana, Emerson Leão e Celso Roth, que já ocuparam um lugar de destaque nos principais clubes do país e conquistaram Brasileirão e Libertadores, entre outros títulos, agora estão no ostracismo.