Saúde

Mulheres são mais propensas a sobreviver ao câncer

Doença


18/06/2013

 Homens e mulheres reagem de formas diferentes ao câncer e seu tratamento, segundo um estudo feito pela Macmillan Cancer Support – uma organização não governamental de suporte a pessoas com câncer. O trabalho, apresentado dia 12 de junho na National Cancer Intelligence Network, no Reino Unido, constatou que as mulheres são mais propensas a sobreviver ao câncer do que os homens.

A pesquisa acompanhou os registros médicos para o câncer na Inglaterra ao longo de três décadas – foram 288.600 novos diagnósticos em 2010, em comparação com 246.400 em 2000 e 212.700 em 1990. Os cientistas analisaram o andamento dos casos a cada dez anos, e descobriram que quase duas vezes mais mulheres do que homens estavam vivas uma década após o diagnóstico – são 260 mil mulheres em comparação com 140 mil homens.

Os autores afirmam que isso acontece principalmente porque a forma mais comum de cancro em mulheres – o câncer da mama – é mais fácil de tratar do que a forma mais comum em homens, que é o câncer de próstata. Outro ponto importante é que os homens são mais propensos a serem diagnosticados com câncer de pulmão, que tem apenas 10% de taxa de sobrevivência.

Além disso, os homens no geral são mais relutantes em visitar um médico quando estão doentes e mais propensos a ignorar os sintomas, diminuindo as chances de um diagnóstico precoce e tratamento mais efetivo.

O que eu preciso saber quando recebo um diagnóstico de câncer?

Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) apontam 520 mil novos casos da doença no Brasil em 2012 e 2013. Grade parte dos pacientes sai do consultório médico em pânico, imaginando desdobramentos que, não necessariamente, têm chances de acontecer – o susto, muitas vezes, é baseado em histórias fictícias ou em episódios de pessoas conhecidas. Esse medo também pode impedir o paciente de visitar o médico, temendo receber a notícia. "Trata-se de um impacto muito grande, certamente", afirma a psico-oncologista Luciana Holtz, presidente do Instituto Oncoguia. "Mas é preciso ir atrás de informação antes de se desesperar", complementa. Especialistas no assunto indicam dez informações essenciais, capazes de ajudar os pacientes que acabaram de receber um diagnóstico de câncer a vencerem este momento com mais serenidade:

Sempre há como ajudar

"Não importa o estágio em que o câncer foi descoberto, sempre há como ajudar o paciente", afirma a psico-oncologista Luciana Holtz, presidente do Instituto Oncoguia e membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Psico-Oncologia (SBPO). Segundo ela, apenas em metade dos casos de câncer descobertos é possível falar em cura. Isso não quer dizer, entretanto, que a outra metade não possa ser ajudada. "O acompanhamento médico pode melhorar e muito a qualidade de vida do paciente, ajudando no controle da dor ou proporcionando mais conforto", afirma.

Diagnóstico em estágio inicial

Segundo o oncologista Anderson Arantes Silvestrini, presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), o diagnóstico do câncer em fase inicial aumenta não só as chances de cura, mas também o tempo de sobrevida do paciente com câncer. "Além disso, o tratamento tende a ser menos tóxico e com menor tempo de duração". O oncologista faz uma comparação apontando que a taxa de cura de pacientes com câncer de mama em estágio I é de 90%, enquanto que a taxa de cura de pacientes com o mesmo problema em estágio III é de 40%. Por isso, cultivar bons hábitos de vida e realizar exames de prevenção é fundamental.


Diagnóstico em estágio avançado

Tumores em estágio mais avançado demandam tratamentos mais intensivos e, na maioria das vezes, mais tóxicos. "Isso não significa, obrigatoriamente, que o paciente irá sofrer mais ou que não deverá ter esperança", afirma a psico-oncologista Luciana. De acordo com a especialista, hoje o paciente tem inúmeros tratamentos à disposição e diversos medicamentos que controlam efeitos colaterais. Assim, embora o tratamento do câncer em estágio avançado seja mais agressivo, nem sempre isso significa um desconforto muito intenso.

Cada caso é um caso

A frase pode incomodar o paciente, mas, de fato, cada caso é um caso. "Isso significa que você não pode basear seu prognóstico no de um colega, ainda que ele tenha o mesmo tipo de câncer e receba o mesmo tratamento", afirma a psico-oncologista Luciana. De acordo com o oncologista Anderson, cada vez mais o tratamento do câncer tem sido individualizado, o que aumenta as chances de sucesso e reduz os efeitos colaterais. Consequentemente, os resultados também são os mais variados.

Acompanhante nas consultas médicas

Levar ou não um acompanhante às consultas médicas é uma decisão que cabe somente ao paciente, mas os especialistas apontam que ter alguém ao lado em um momento tão difícil tende a ser positivo. "O paciente não precisa enfrentar a doença sozinho", diz a psico-oncologista Luciana. O acompanhante pode ajudar oferecendo apoio emocional, tirando dúvidas e lembrando episódios que o próprio paciente esqueceu.


Efeitos colaterais

"É fundamental o conhecimento dos efeitos colaterais dos tratamentos para não ser pego de surpresa e conseguir lidar melhor com eles", alerta o especialista Anderson. Mas lembre-se de que não há regra. Cada paciente reage de determinada maneira, ou seja, nem tudo está previsto pelos médicos e alguns sintomas adversos podem não aparecer. Alguns pacientes, por exemplo, começam a apresentar efeitos colaterais de quimioterapia apenas após o quinto ciclo do tratamento.

Integração com a equipe

Cada vez mais, o tratamento de um paciente com câncer se torna mais complexo e, portanto, mais completo, afirma o oncologista Anderson. Oncologistas, enfermeiras, nutricionistas, fisioterapeutas e assistentes sociais trabalham juntos para individualizar o tratamento, aumentando as chances de sucesso. Por isso, a integração com essa equipe é fundamental. A confiança entre o paciente e os profissionais de saúde é a base para um tratamento eficaz.

Comece um diário

Após o diagnóstico do câncer, o que não falta é dúvida. Meu cabelo vai cair com o tratamento? Terei náuseas e enjoos? Precisarei mudar algo em minha rotina? Por isso, a psico-oncologista Luciana recomenda que seus pacientes comecem um diário o quanto antes. Nele, o paciente deverá anotar como passou cada dia, quais dúvidas surgiram e quais sintomas apareceram. "Isso facilita as consultas médicas e evita que o paciente se esqueça de perguntar alguma coisa".


Pesquisas clínicas

É recomendado que o paciente com câncer acompanhe a divulgação de pesquisas clínicas juntamente com seu médico. Afinal, de acordo com o oncologista Anderson, essa pode ser a única opção de acesso a um tratamento e a medicamentos de ponta para alguns pacientes. "Vale lembrar que as drogas usadas nesses tratamentos experimentais já foram avaliadas anteriormente em testes subclínicos e testes de segurança". Antes de investir, entretanto, é imprescindível discutir seus benefícios com o especialista que acompanha o caso.

Segunda opinião

Se o paciente não se sentiu à vontade com seu médico ou se não saiu do consultório com segurança, então, deve buscar uma segunda opinião. "Ter confiança na equipe médica que está cuidando do seu caso melhora inclusive a aderência ao tratamento", afirma o oncologista Anderson. Entretanto, a razão pela qual você quer buscar uma segunda opinião deve ser bem avaliada. Ir atrás de outros especialistas porque não ficou satisfeito com o prognóstico ou porque você acha que ele não pediu tantos exames quanto deveria pode criar falsas ilusões e até encaminhá-lo para especialistas menos qualificados.



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