Paraíba

Morre o escritor, dramaturgo e poeta paraibano Ariano Suassuna, aos 87 anos

1927 - 2014


23/07/2014

O escritor, dramaturgo e poeta paraibano Ariano Suassuna, morreu nesta quarta-feira (23), aos 87 anos, em Recife (PE). Ele estava internado desde a noite da última segunda-feira (21) na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Português, onde foi submetido a uma cirurgia após sofrer um acidente vascular cerebral (AVC) do tipo hemorrágico.

O velório será realizado no Palácio do Campo das Princesas, em Recife. De lá, o corpo segue em cortejo em carro do Corpo de Bombeiros até o Cemitério Morada da Paz, onde será enterrado.

Na manhã de terça-feira (22), o Hospital Português divulgou boletim médico informando que o escritor foi submetido a uma cirurgia neurológica às pressas. "O quadro clínico é considerado grave, mas estável. Ariano foi submetido, na noite desta última segunda-feira, a um procedimento cirúrgico com colocação de dois drenos para controlar a pressão intracraniana, provocada por um AVC hemorrágico. Não há previsão de alta da UTI", dizia o boletim médico do hospital.

Em agosto do ano passado, Suassuna sofreu um infarto agudo do miocárdio e, semanas depois, foi internado com um quadro de aneurisma cerebral.

Ao todo, foram 15 livros de romance e poesia, entre eles “O Auto da Compadecida” e “O Santo e a Porca”, além de 18 espetáculos de teatro.

A última atividade pública do escritor foi na sexta-feira (18), quando concedeu uma aula-espetáculo no Festival de Inverno de Garanhuns (FIG), no Agreste pernambucano. Na manhã do sábado (19), tirou fotos com fãs que participavam do evento.

“Não gosto da ideia de ter ‘medo de morrer’. Sou paraibano e não gosto de confessar que tenho medo (risos). Eu conheço a palavra ‘medo’, porque li no dicionário”, declarou Ariano em recente entrevista ao Correio Braziliense. Ariano deixa cinco filhos – Maria, Manoel, Isabel, Mariana e Ana – e a esposa, Zélia de Andrade Lima, com quem era casado desde 1957. O casal teve ainda outro filho, Joaquim, que cometeu suicídio em 2010.

Ariano Suassuna é o terceiro integrante da Academia Brasileira de Letras a morrer em três semanas. No dia 3 de julho foi Ivan Junqueira e no dia 18, João Ubaldo Ribeiro. Apesar de não integrar o órgão, o escritor Rubem Alves morreu no dia 19.

Histórico

Ariano Vilar Suassuna nasceu em 16 de junho de 1927, em Nossa Senhora das Neves, hoje João Pessoa, Capital da Paraíba e cresceu no Sertão paraibano. Em 1942, mudou-se para Recife. Formado em direito e em filosofia, publicou sua primeira peça teatral, "Uma Mulher Vestido de Sol", aos 20 anos.

Entre 1952 e 1956, Suassuna dedicou-se à advocacia, sem abandonar a atividade teatral. São desta época "O Castigo da Soberba" (1953), "O Rico Avarento" (1954) e "O Auto da Compadecida" (1955), peça que o projetou em todo o país e que seria considerada, em 1962, por Sábato Magaldi "o texto mais popular do moderno teatro brasileiro".

Membro da ABL (Academia Brasileira de Letras) desde 1989 como sexto ocupante da cadeira nº 32 e doutor honoris causa da Faculdade Federal do Rio Grande do Norte, Ariano é fundador do Teatro Popular do Nordeste e do Movimento de Cultura Popular, além de idealizador do Movimento Armorial. Ele exerceu, entre outros cargos públicos, o de secretário de Cultura de Pernambuco, durante o terceiro governo de Miguel Arraes.



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