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Merkel defende política para refugiados apesar de derrota eleitoral

ALEMANHA


05/09/2016

A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, voltou a defender nesta segunda-feira (5) as principais linhas de sua política para refugiados, apesar da derrota eleitoral sofrida por seu partido no estado federado de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental para a direita populista.

Em declarações à imprensa após uma reunião da cúpula do G20 em Hangzhou, na China, Merkel afirmou que seu partido, a União Democrata-Cristã (CDU), deve reconhecer que a população alemã não tem confiança suficiente na efetividade das medidas e, portanto, deve "trabalhar intensamente para recuperá-la".

Muito descontente com os resultados do "Land" que é seu distrito eleitoral, Merkel afirmou que se sente "corresponsável" da derrota, porque a campanha foi dominada por temas nacionais, como a crise de refugiados e o desafio da integração, e não por problemas regionais.

"A base das decisões adotadas nos últimos meses é correta", disse Merkel, em três oportunidades durante as declarações à imprensa, descartando fazer uma mudança de rumo na política para refugiados.
A chanceler defendeu o acordo assinado entre União Europeia (UE) e Turquia para a devolução dos imigrantes irregulares. Para ela, o pacto deve reduzir o número de solicitantes de asilo no país – foram 1,1 milhão no ano passado -, melhorar a integração e acelerar as expulsões das pessoas que não têm direito de ficar na Alemanha.

Merkel afirmou que já se obteve "muito", mas que está claro que é preciso convencer os cidadãos que este é o caminho correto.
Questionada se a derrota eleitoral pode influir em sua decisão de voltar a ser candidata à chanceler em 2017, Merkel se limitou a dizer que anunciará se tentará a reeleição em momento oportuno.

Derrota
As eleições regionais no estado de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental terminaram no domingo com um resultado inédito na recente história democrática do país, depois que a União Democrata-Cristã (CDU, sigla em alemão) de Angela Merkel perdeu a hegemonia da direita frente aos populistas da Alternativa para a Alemanha (AfD, sigla em alemão).

A derrota de Merkel ocorreu precisamente no estado federado em que a chanceler tem seu distrito eleitoral nas eleições gerais, que devem acontecer daqui a um ano, e no aniversário do dia em que a premiê decidiu abrir as fronteiras do país diante do drama da crise dos refugiados.
Apesar de perder cinco pontos, o Partido Social-Democrata (SPD) se manteve como a força mais votada, com 30,6%, segundo os resultados provisórios com a apuração finalizada em 99% dos distritos eleitorais.

A AfD, em sua primeira incursão no pleito regional neste estado, ficou com a segunda posição, com 20,8% dos votos, apoiada em um discurso nacionalista e, em algumas ocasiões, com contornos xenófobos, contrário à chegada dos refugiados.

A CDU, que segue liderando as pesquisas com folga em nível nacional e que tinha governado como sócio menor dos social-democratas durante os últimos dez anos em Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental, caiu para o terceiro lugar, com 19% dos votos.



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