Política

Justiça retoma depoimentos de réus em processo da Odebrecht

Lava Jato


29/10/2015



A Justiça Federal volta a ouvir, nesta quinta-feira (29), os réus do processo que apura pagamento de propina a funcionários da Petrobras, envolvendo executivos da Odebrecht S.A.. Este é o segundo dia de depoimentos das pessoas denunciadas nesta ação penal pelo Ministério Público Federal (MPF), com base nas investigações da Operação Lava Jato.

O primeiro réu a ser ouvido será o ex-gerente de Serviços da Petrobras Pedro Barusco. O depoimento dele, que deveria ter ocorrido no dia 22 deste mês, foi transferido. Ele falará ao juiz Sérgio Moro a partir das 10h. Por ter feito um acordo de delação premiada com o MPF, a tendência é que ele mantenha as versões dadas em outros depoimentos, sob pena de perder os benefícios que conseguiu para escapar das penas às quais está sujeito.

No período da tarde, dois executivos da Odebrecht prestam depoimentos. Alexandrino de Salles Ramos de Alencar e Cesar Ramos Rocha serão os primeiros executivos da empresa que prestarão depoimento neste processo. Os depoimentos devem começar às 14h.

O doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa prestaram depoimentos à Justiça neste processo, no dia 21 deste mês.

Já o presidente da Odebrecht S.A., Marcelo Odebrecht, só deve prestar depoimento ao juiz Sérgio Moro na sexta-feira (30). Também é réu neste processo o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, que era chefe de Barusco à época em que aconteceram os desvios de dinheiro investigados pela Lava Jato. Ele, no entanto, deverá fechar os depoimentos dos réus, no dia 3 de novembro.

Fase final

Após o depoimento dos réus, o processo criminal chegará à fase final em primeira instãncia. Moro deverá marcar datas para que o MPF e as defesas apresentem as alegações finais à Justiça Federal. Após a entrega dos documentos, o juiz deverá definir a sentença, condenando ou absolvendo os réus. Independente do resultado, caberá recurso aos réus e ao MPF, se discordarem da decisão em primeira instância.

Lavagem de dinheiro

Para o MPF, a Odebrecht montou uma sofisticada rede de lavagem de dinheiro. Com isso, a companhia pôde pagar propinas a executivos da Petrobras para fechar contratos com a estatal.

As denúncias partiram de depoimentos de ex-funcionários da Petrobras, como o ex-diretor de Abastecimento, Paulo Roberto Costa, que firmou um acordo de delação premiada com a Justiça e detalhou o funcionamento do esquema.

A Odebrecht é uma entre as várias empresas investigadas na Lava Jato, deflagrada em março de 2014 e que tem apurado desvios de dinheiro da Petrobras.

A 14ª fase da operação, deflagrada em junho deste ano, culminou na prisão de Marcelo Odebrecht e de outros executivos ligados à empresa.

Esquemas

Um dos esquemas envolvendo a Odebrecht ocorreu na construção do Centro Administrativo da Petrobras em Vitória, no Espírito Santo, segundo o MPF. Outro caso investigado envolveu a Braskem, empresa do grupo Odebrecht, em um contrato com a Petrobras para compra de nafta, que teria dado um prejuízo de R$ 6 bilhões à estatal petroleira.

Nesta transação, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa teria recebido propinas de R$ 5 milhões por ano e passado parte do dinheiro para o ex-deputado José Janene (PP), já falecido, e depois ao próprio Partido Progressista, afirmou o procurador.



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