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Jovem de 15 anos que ficou cego com bala de borracha passa dia deitado: ‘dói mui

'dói muito'


23/10/2015

O jovem de 15 anos que ficou cego do olho esquerdo após ser atingido por um tiro de bala de borracha disparado por um policial militar passa parte do dia deitado e reclama de dores de cabeça, no olho atingido e de muitas tonturas. "Dói muito”, afirmou ao G1 nesta sexta-feira (23). O caso aconteceu na madrugada de domingo (19) na Brasilândia, na Zona Norte de São Paulo.

A polícia dispersava um baile funk perto da casa do adolescente, que não estava na festa. Segundo a família, ele participava de uma confraternização com parentes em casa quando foi atingido pelo tiro, disparado por um PM do 47º Batalhão.

"Ele deve voltar ao hospital daqui a alguns dias para saber como ficaram os pontos e verificar a necessidade de outra cirurgia", disse a mãe, que está bastante abalada com o ocorrido.

O jovem cursa o 1º ano do ensino médio e a mãe está preocupada. "Não quero que meu filho perca o ano. Vou levar o atestado médico e falar com a direção para saber o que pode ser feito para que ele não perca o ano escolar", disse.

Clima de revolta e tensão

O clima no bairro onde mora o jovem é tenso depois do ocorrido. "O pessoal está revoltado com o que aconteceu", disse o rapaz de 15 anos. Por meio de nota, a Secretaria da Segurança Pública informou que a Corregedoria da PM determinou a instauração de inquérito para apurar o caso.

O rapaz teve alta na manhã desta quarta-feira (21), depois de passar por cirurgia na Santa Casa de São Paulo. "Meu olho explodiu, fiquei sem olho, sangrou muito. Foi muito de perto", disse. "Perdi o olho, não foi a vida. Fico preocupado com meus pais", afirmou.

Agressões

A família conta que estava em casa quando ouviu o barulho do lado de fora. A mãe abriu a janela para ver o que acontecia, e teria visto um policial espancando uma mulher. "Ela gritou para ele parar, e o policial foi bater na minha mãe com o pedaço de madeira. Ela fechou e ele acertou a janela, que ficou amassada", diz o adolescente.

Ele conta que estava na laje da casa para ver a confusão ao lado do irmão. "Eu gritei para ele [o policial] não bater na minha mãe. Depois disso, um policial apontou a arma para mim e atirou. Meu irmão gritou que eu tinha sido atingido, e eles jogaram bomba de gás aqui em casa."

Segundo a mãe, o jovem foi atingido quando ocorria uma festa de crianças na residência. "Meu filho estava na casa de cima, onde mora meu irmão. Estava tendo uma festa de criança. O mais velho estava olhando e conseguiu tirar a cabeça, mas o mais novo não conseguiu."

Ela disse que a família recebeu a visita de um tenente da corporação. "Ele se mostrou indignado com a situação. Meus filhos vão fazer o reconhecimento."

O adolescente disse que o pai teve dificuldade para socorrê-lo. "Meu pai teve de esperar a fumaça baixar porque a gente não conseguia abrir o olho. O meu pai foi pedir ajuda para os policiais ajudarem a me socorrer e eles pegaram o cassetete para bater nele também", afirma a vítima.

"Ele [o pai] precisou esperar os policiais saírem para me levar até o hospital. Demorou meia hora pra conseguir sair de casa", disse o adolescente que ficou cego de um olho.



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