Economia & Negócios

Inflação oficial ultrapassa teto do governo e sacrifica ainda mais o bolso dos b

Tensão


05/07/2013



 Com o aumento das tarifas do transporte público, a inflação oficial do País, medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), ultrapassou o teto do governo ao atingir 6,70% nos últimos 12 meses. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (5) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O governo federal, porém, diz que o reajuste dos preços está sob controle.

Para controlar a inflação e os impactos na economia brasileira, o governo estabelece um centro da meta, que é de 4,5%. Chama-se “centro” porque há uma “margem de segurança”, que permite ao índice ficar dois pontos percentuais acima ou dois abaixo. Dessa forma, o índice ainda estará “sob controle” se ficar entre 2,5% e 6,5%.

O cálculo da inflação acumulada considera o resultado dos últimos 12 meses, nos quais a trajetória de alta mensal foi preponderante. Esta tendência, no entanto, já começou a ser revertida de janeiro a fevereiro, teve nova alta em abril e voltou a cair em maio.

No comparativo com maio, o IPCA de junho subiu em ritmo menor, de 0,37% para 0,26%. Mesmo com o preocupante número da inflação acumulada, a inflação mensal de junho foi a mais baixa do ano. Por conta dessa desaceleração, o governo federal acredita que a inflação anualizada chegará aos 4,5% — exatamente o centro da meta.

Porém, não é o que acredita o Banco Central, que divulgou que o IPCA deverá encerrar o ano a 6%.

Como ela afeta seu bolso

Mesmo com a queda no preço da gasolina (de –0,52% para –0,93%) e do álcool (de –1,97% para –5,33%), o grupo transportes exerceu forte pressão sobre o resultado de junho. As tarifas dos ônibus urbanos lideraram os impactos, com 0,07 ponto percentual, tendo alta de 2,61%, ao passo que em maio haviam caído 0,02%.

Com desacelerações e quedas, alimentos (de 0,31% em maio para 0,04% em junho), remédios (de 1,61% para zero) e combustíveis (de –0,75% para –1,67%) tiveram forte influência no IPCA de junho. No grupo alimentação e bebidas, vários produtos passaram a custar menos de um mês para o outro.

No grupo saúde e cuidados pessoais, que saiu de 0,94% em maio para 0,36% em junho, o preço dos remédios se estabilizou após uma alta expressiva em maio.

Itens importantes no orçamento das famílias subiram em ritmo menor de um mês para o outro, como é o caso dos empregados domésticos (de 0,76% para 0,50%), da mão-de-obra para pequenos reparos (de 1,94% para 0,35%) e dos artigos de limpeza (de 0,83% para 0,12%). Roupas e calçados passaram de 0,84% para 0,50%, enquanto os eletrodomésticos, que haviam subido 0,49% em maio, chegaram a apresentar queda de 0,56% em junho.

Meta do governo

Em 2014 e 2015, o centro da meta da inflação continuará sendo de 4,5%, de acordo com decisão do CMN (Conselho Monetário Nacional). Esse será o 11º ano consecutivo que o governo terá de perseguir esse percentual, e ele tem sido atingido, considerando o intervalo de dois pontos percentuais.

Em 2006 e 2009, a inflação ficou abaixo do centro da meta, encerrando o ano em 3,1% e 4,3%, respectivamente. Em 2007, o índice ficou exatamente em 4,5%. Nos demais anos, ficou acima do centro da meta, mas dentro do intervalo. Em 2011, a inflação encerrou no patamar mais alto desse período, atingindo o teto de 6,5%. Em 2013, a inflação ameaça estourar o limite da meta, conforme estimativa do Banco Central.

Inflação por região

A inflação mais alta foi registrada no Rio de Janeiro (0,65%), onde os alimentos consumidos fora de casa aumentaram 1,64%. Houve pressão também do reajuste da tarifa dos ônibus urbanos (5,09%).

Já os menores índices foram os de Belém (-0,07%) e de Curitiba (-0,01%). Em Belém, os preços dos alimentos caíram 0,61%, com impacto de -0,21 ponto percentual no índice da região. Já em Curitiba foram os combustíveis, que, com queda de 6,49%, exerceram impacto de -0,37 ponto percentual.

Medidas de combate

Questionada sobre o impacto do aumento, no começo do ano, da gasolina e do diesel sobre a inflação, a presidente Dilma Rousseff disse que ele foi compensado pela redução das tarifas de energia.

As tarifas de transporte, reajustadas em junho, provocaram uma série de protestos da população, o que culminou no cancelamento dos reajustes em diversas cidades brasileiras. Com isso, o IPCA de julho deverá ter uma alta ainda menor que a de junho.

Para combater a inflação, o governo tem apostado no aumento da taxa básica de juros, a Selic, atualmente a 8%. No dia 10 de julho, o Copom (Comitê de Política Monetária) irá reajustar novamente a taxa, e tudo indica que ela será aumentada mais uma vez.

A estabilidade da Selic é a aposta do governo para garantir que a inflação alcance os 4,5% do centro da meta, já que a taxa básica de juros é um instrumento do governo para segurar a oferta de crédito de bancos, financeiras e das próprias lojas, ou seja, para estimular ou frear o consumo e, assim, controlar o avanço natural dos preços.



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