Artes
Flávio Tavares universaliza “Golpe no Brasil” com painel em nova exposição, que lembra Picasso e Dante Alighieri
26/08/2018
Fotos de Antonio David
Por Walter Santos / Fotos Antonio David
O artista plástico paraibano Flávio Tavares, reconhecido no Brasil e Exterior, inicia nesta segunda-feira, às 19 horas, no Sesc, em João Pessoa, a mais recente produção denominada de “BRASIL – O GOLPE / A Ópera do Fim – do – Mundo”, na qual expõe teatralmente e não de forma panfletária a recente fase politica do País, a partir do Impeachment de Dilma Rousseff expondo todos os principais personagens. Vasado na Internet viralizou desde sábado.
– Traduzo esta nova fase de minha produção como a síntese de uma obra a reunir valores e símbolos em torno da recente história contemporânea do Brasil, que nos remete às tragédias do mundo captadas e expostas pelas artes e os gênios da observação humana – sintetizou Flávio Tavares em Entrevista Exclusiva à Revista NORDESTE, publicação de circulação nacional produzida há 12 anos, com sede em João Pessoa.
O QUE É – A nova obra do artista, autor da “Pedra do Reino”, principal painel e ilustração de “O Auto da Compadecida”, do paraibano Ariano Suassuna, reúne um Grande Painel e quadros adicionais mostrando detalhes da “Ópera do Fim-do-Mundo”.
A obra envolve elementos da “Divina Comédia” inserindo a vereadora assassinada Marieli no centro do quadro bebendo sangue que lembra o Rio Lete e a ilação da água do esquecimento, diante de uma cena também a lembrar um banquete feliniano, onde podem ser identificados todos participantes do Golpe.
Há ainda cena de Dilma sendo interrogada na Ditadura e numa parte de cima Lula aparecendo como guardador dos humildes, mesmo que abaixo da grande mesa sejam identificados os Miseráveis de sempre.
A Obra traduz, por fim, o templo maldito frente a uma ama de leite negra cuidando de um menino branco, como se repusesse os tempos de “Casa Grande & Senzala”, do pernambucano Gilberto Freyre.
ELEMENTOS UNIVERSAIS – A nova fase de Flávio mostra sua densidade de artista e pensador culto. No painel, mesmo não tendo a natureza trágica, bem lembra a obra imortal “Guernica”, de Pablo Picasso, em 1937, quando denunciava a guerra espanhola e se expunha como manifesto contra a violência.
Vai mais além quando a obra atual parece intuir e se inspirar na “Divina Comédia”, poema de viés épico e teológico da literatura italiana e da mundial, escrito por Dante Alighieri no século XIV e dividido em três partes: o Inferno, o Purgatório e o Paraiso.
Sem dúvidas, é a obra pictórica mais importante produzida na atualidade nas artes plásticas brasileiras.
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