Artes

Exposições do Espaço Cultural ficam em cartaz até final de fevereiro

Artes


06/02/2013

As mostras que estão em cartaz no Espaço Cultural José Lins do Rego tiveram o encerramento prorrogado. Agora, elas estão abertas à visitação pública até o dia 28 de fevereiro, quase um mês a mais da data anterior, 31 de janeiro. Obras de dois artistas paraibanos estão expostas nos equipamentos culturais da Funesc desde o início de janeiro: a mostra “Marcos Veloso – Fotografias”, proposta pelo artista plástico Diógenes Chaves, está instalada na Biblioteca Pública Juarez da Gama Batista, e na Galeria Archidy Picado, a atração é “Caminho por uma rua que passa por muitos países”, da artista Iris Helena. Ambas foram contempladas pelo Edital de Ocupação da Galeria Archidy Picado, lançado em 2012.

A primeira exposição é uma homenagem póstuma ao paraibano Marcos Veloso (João Pessoa -PB, 1954-2000), que tem registrado em sua produção temas recorrentes às questões relacionadas ao homem e à sua presença no mundo. A coletânea de fotos se associa às comemorações dos 20 anos de atuação da Associação Le Hors-Là Paraíba (que promove o intercâmbio artístico entre a Paraíba e a cidade de Marselha, na França) e aos 60 anos da Aliança Francesa em João Pessoa.

A partir dos registros fotográficos de Marcos Veloso, a exposição discute assuntos como: globalização, mundialização, geografia humana, alteridade e identidade. São 20 obras oriundas de acervos de amigos do artista e produzidas na década de 1990 entre o Sertão da Paraíba e o Sul da França.

Na Galeria – “Caminho por uma rua que passa por muitos países” está exposta na Galeria Archidy Picado. De acordo com a artista Iris Helena, os trabalhos que a compõem são frutos de dois percursos: o registro e a leitura pessoal da cidade (como o ‘flâneur’) e a livre interpretação dos textos de viagens do livro “Il Milone”, de Marco Polo, e dos textos ficcionais dos livros “Cidades Invisíveis” e “Voyage autour de ma chambre”, de Ítalo Calvino e Xavier Maistre, respectivamente. A proposta é trazer em objetos e imagens de afeto outra percepção da cidade.

A mostra é composta por cinco fotografias emolduradas (30x50cm cada), uma fotografia impressa em post-its coloridos (29x21cm), quatro objetos (10 x 10 x 10 cm), três objetos fotográficos (monóculos adaptados), um livro de artista (40 páginas, 20 x 15 cm) e um vídeo (3 min. em looping).

“Faço registros da cidade para sugerir e descobrir, na mesma, a presença de vários lugares diferentes. Lugares que se apagam, acendem, modificam-se o tempo todo para nós. A cidade ganha vida por meio da imaginação, das livres associações e interpretações de cotidiano urbano a partir da própria experiência, anseios e expectativas de cada expectador/participante. Assim, para cada recorte sugerido por mim, formam-se várias leituras que têm pontos em comum, mas ao mesmo tempo, apresentam características singulares, que dependem de cada observador”, diz o texto assinado pela artista.

Marcos Veloso – Fotógrafo e médico, Marcos Veloso nasceu e cresceu no bairro de Jaguaribe, em João Pessoa. Começou a trabalhar com fotografia no início dos anos 1980, a partir de um curso no Centro de Tecnologia da UFPB e, logo em seguida, participou de uma mostra coletiva na Feira de Tecnologia de Campina Grande. Rapidamente se adaptou aos laboratórios fotográficos, talvez, por causa da atividade que exercia no setor de radiologia do Hospital Universitário (HU/UFPB). Fez parte do grupo Traficantes de Imagens e, em 1994, foi responsável pela criação da Agência Ensaio – ao lado dos jovens fotógrafos Mano de Carvalho e Ricardo Peixoto –, empresa voltada para a evolução e qualidade tecnológica da fotografia.

Foi participante ativo das associações Le Hors-Là e Rede – de intercâmbio com a França e a Suíça, respectivamente – em que atuou como uma espécie de “embaixador” da região sertaneja, levando consigo os estrangeiros para memoráveis expedições pelos rincões da geografia nordestina. Muitas das imagens que registrou, especialmente sobre o Sertão paraibano, da beleza exótica da paisagem nordestina e dos costumes do povo, ficaram conhecidas internacionalmente.

Em 1995, participou da mostra Biennale Internationale d’Art de Groupe, um dos mais importantes eventos artísticos no Sul da França, em Marselha, onde, um ano antes, viveu breve período realizando ensaio fotográfico. Marcos Veloso faleceu em 4 de fevereiro de 2000, no auge de sua produção artística, quando acabara de registrar o Bumba Meu Boi, em São Luiz, e o Varadouro, no Centro Histórico de João Pessoa, e se preparava para viajar até Cuba e França.

Em depoimento, o amigo Chico Pereira (artista plástico) diz que Marcos Veloso “sempre se dividiu entre a medicina e a fotografia, e em pouco tempo construiu a mais laboriosa revelação de um universo que só a sua capacidade de decisão realizou, deixando um legado insuperável de belíssimos registros da nossa paisagem física e humana, paralelamente, construindo um estilo pessoal imediatamente identificável ao primeiro olhar”.

Iris Helena – É artista visual, natural de João Pessoa (PB), formada em artes visuais pela Universidade Federal da Paraíba. Sua primeira exposição individual foi Notas de Esquecimento, em João Pessoa (2009). Participou de inúmeras exposições coletivas, sendo as principais o 61º Salão de Abril, Fortaleza-CE (2010); II Prêmio EDP Nas Artes, no Instituto Tomie Ohtake, São Paulo-SP (2010); e Ural Industrial Biennial of Contemporary Art, na Rússia (2012). No ano de 2011, foi selecionada para fazer parte do programa Rumos Artes Visuais, edição 2011-2013, do Itaú Cultural.

Seu trabalho se caracteriza pela investigação crítica e poética da cidade; da paisagem urbana. Ela trabalha em diversas linguagens artísticas, sendo as principais, a fotografia e as foto/instalações.



Os comentários a seguir são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.
// //