Educação

Enem: Mec estuda criar sistema para antecipar faltas

Debate


29/10/2013



 O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), vinculado ao Ministério da Educação (MEC), pretende criar um sistema em que os inscritos no Exame Nacional do Ensino médio (Enem) possam comunicar com antecedência se pretendem faltar no dia da prova. O objetivo é diminuir o número de ausências e reduzir gastos com a preparação do exame. Mais de 2 milhões de inscritos não fizeram o Enem neste ano, quase um terço do total.

A ideia não é instituir uma confirmação de inscrição, o que tornaria o processo mais complexo, mas poder antecipar ausências previstas e evitar impressões de provas, cartões de convocação, formação de salas e contratação de equipe.

O presidente do Inep, Luis Cláudio Costa, diz que .o número de ausências preocupa. "Queremos um Enem inclusivo, mas 29% de ausência chama a atenção e é um custo para o Brasil", avalia. "Temos de fazer um trabalho de conscientização."

Com base no custo por inscrito, calculado pelo Inep após o fechamento das 7,1 milhões de inscrições, o gasto com os faltosos é de R$ 103 milhões. O presidente do instituto defende, porém, que esse prejuízo não passará de R$ 60 milhões. "As redações desses faltosos não serão corrigidas, o que reduz o gasto. E há um custo de operação, de rotas, que não tem alteração."

A taxa de abstenção cresceu em relação a 2012, quando 1,6 milhão de inscritos (27,9%) faltaram. Em 2011, foram 26,4%.

O Inep já sabe que, no ano passado, praticamente dois terços dos faltosos eram inscritos com isenção de taxa – o instituto não divulgou o estudo sobre o assunto. Costa diz que, por questões legais, há impedimentos para sanções a faltosos não pagantes ~ uma vez que, caso haja comprovação de carência, existe a garantia da isenção. Também por esse motivo, o Inep não teria criado um mecanismo para a edição deste ano, como era o plano no ano passado. "A solução não é simples", explica.

Os estudantes concluintes de Escola pública estão livres da taxa. Mas até quem paga acaba causando prejuízos, uma vez que a taxa não é suficiente.

Para o Professor Zacarias Gama, da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, o número de ausências se deve à característica da prova. "O exame não segue o fluxo da Escola básica, ou seja, os candidatos não são só aqueles que estão acabando o Ensino médio", diz.

Queixas» O MEC. deve analisar nesta semana casos de possíveis prejudicados na aplicação do exame e daqueles que perderam a prova. Em Belo Horizonte, cem estudantes reclamam que no domingo os portões teriam sido fechados antes do horário previsto na Faculdade Kennedy, no bairro Rio Branco.

Ao menos um desses estudantes vai recorrer à Justiça para tentar fazer as provas. "Cheguei dentro do horário, e teve gente que chegou antes de mim e também não entrou. Nossa ideia é recorrer à Justiça", disse ele, que preferiu não se identificar. O Inep defende que não houve fechamento antecipado e não haverá nova data para o grupo.

Debate: Enem como grande vestibular é bom?

Acredito que sim, pois desse modo ficam estabelecidas bases nacionais, em contrapartida a um quadro com uma miríade de provas e matrizes de referência, cujo controle nem sempre é facilitado. Contudo, não podemos ignorar os riscos de tal conformação. O mais relevante é a sinalização de que tudo que se deva ensinar no Ensino médio seja aquilo que é cobrado em suas provas, mesmo que sejam melhor elaboradas e mais fidedignos seus resultados.

O Enem está colocando uma camisa de força no Ensino médio, porque obriga todo mundo a seguir o currículo tradicional. Ele não dá opções para que as pessoas escolham o tipo de formação que elas querem. Sou a favor de um sistema de Ensino médio mais diversificado e de uma avaliação dentro da área que o Aluno escolher, e não de uma avaliação de tudo. Além disso, ele tira a autonomia das universidades, que não podem escolher quais são os estudantes mais adequados para os seus cursos.



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