Educação

Enem exalta planos do governo em questões

Ode a si mesmo


23/10/2013



 Com um gráfico, o enunciado da questão 175 do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) do ano passado apresentava o crescimento do emprego formal no ano de 2010. Logo depois, o pedido: o aluno deveria marcar qual era o valor da parte inteira da mediana dos empregos formais surgidos.

Para Mateus Prado, especialista no exame, enunciados como esse aparecem no Enem como uma forma de mostrar o contexto econômico e político do País de uma forma positiva. “Normalmente, o que é cobrado tem a ver com pautas que foram debatidas durante a gestão e elas se apresentam de um jeito positivo”, explica.

No exame de 2009, outras questões da prova mencionavam programas do governo federal. No exame de linguagens havia um texto sobre o portal Domínio Público com a pergunta sobre qual era a função social do projeto.

Outra questão pedia para que o aluno comentasse um texto da campanha do governo sobre a gripe suína. Outro material do Ministério da Saúde foi usado numa pergunta sobre a dengue.

E não são só as questões: os temas das redações, segundo Prado, também têm ligação positiva com as pautas do governo ou então são demandas que dificilmente o prejudicaria. O especialista dá como exemplo a proposta pedida em 2009, “O Indivíduo frente a Ética Nacional”. Um dos textos de apoio, conta Prado, afirmava que não podemos achar que todos são corruptos/ que todos são iguais.

"A proposta foi criada na época pós mensalão, quando o PT tentava desfazer a imagem de que era igual aos outros", pondera Prado.

Além do enfoque enviesado, as provas do Enem, assim como outros vestibulares do País, também têm perguntas questionadas por cursinhos.

Ao citar um trecho do livro 1808”, de Laurentino Gomes, a prova de 2010 tinha um erro de data ( afirmava que a abertura dos portos no Brasil ocorreu em 1810) . O autor reclamou em uma rede social. Segundo o MEC, porém, a confusão não impedia que o candidato chegasse à resposta correta.

Já em 2009, uma questão com uma charge sobre o uso da norma padrão da língua portuguesa chegou a ser anulada. Professores avaliaram que a anulação ocorreu porque duas alternativas estavam corretas.

Apesar de essa ter sido a única questão anulada no Enem por conta de erro, todos os anos há questionamentos. No ano passado, por exemplo, três questões foram questionadas por professores que fizeram a correção da prova no iG .

Em uma delas, de espanhol, foi analisado que duas alternativas levantavam diferentes possibilidades de interpretação, sendo que a opção considerada como certa pelo MEC era “reducionista”. Outra pergunta questionada foi a 116, de português, que trazia um poema. Para os professores, a questão foi mal formulada e nenhuma assertiva correspondia satisfatoriamente às ideias do texto. Além disso, disseram os professores, o poema foi atribuído ao autor errado.

 



Os comentários a seguir são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.
// //