Internacional

Dois dias de confrontos violentos deixam 11 mortos no Egito

egito


24/07/2013



O número de mortos por dois dias de confrontos entre partidários e oponentes do presidente deposto do Egito Mohammed Morsi subiu para 11 nesta terça-feira, a maioria em choques de rua durante a madrugada perto de um acampamento de protesto pró-Morsi enquanto o país continua mergulhado em tumultos fatais três semanas depois do golpe militar contra o líder islamita.

O banho de sangue está ampliando as divisões entre os partidários de Morsi e a administração apoiada pelo Exército que assumiu depois da deposição e está diminuindo as chances de reconciliação. No centro do ódio encontra-se a detenção de Morsi , o primeiro presidente eleito livremente do Egito, que é mantido sob custódia sem possibilidade de comunicação e sem acusação formal.

A violência frequentemente irrompeu em meio às persistentes manifestações rivais, mas as atuais batalhas de rua que começaram antes do amanhecer nesta terça estão entre as mais intensas desde o início da crise, em 3 de julho.

Os confrontos começaram depois que partidários de Morsi começaram a marchar de um acampamento do lado de fora do campus da Universidade do Cairo em direção a uma mesquita vizinha. Os manifestantes bloquearam ruas, causando trânsito e irritando os moradores.

Oficiais de segurança disseram que os confrontos se tornaram violentos depois que atiradores mascaradores apareceram no local e começaram a dispararam contra partidários de Morsi com munição real. Os oficiais não fizeram comentários sobre a identidade dos atiradores.

A Irmandade Muçulmana , porém, responsabilizou as mortes em "bandidos" patrocinados pelo Ministério do Interior, acusação que o grupo islamita do qual Morsi é membro frequentemente usa para escapar da noção de que tem diferenças com outros segmentos da população.

Khaled el-Khateeb, que lidera o departamento de emergência e UTI do Ministério da Saúde, disse que houve seis mortes perto do acampamento pró-Morsi . Os oficiais de segurança apontaram sete mortos e 11 feridos.

A queda de Morsi aconteceu após protestos em massa de milhões de egípcios reivindicando a renúcia do presidente islamita. Seus partidários exigem seu retorno ao poder e insistem que não participarão do processo político apoiado pelo Exército até que isso aconteça.

Confrontos também aconteceram na segunda-feira , deixando três mortos na cidade de Qalioub, norte do Cairo. Membros dos dois lados também entraram em choque perto do local de outro acampamento pró-Morsi em um distrito no leste do Cairo e na central Praça Tahrir, epicentro do levante de 2011 contra o autocrático predecessor de Morsi, Hosni Mubarak . Ao menos uma pessoa morreu perto da Tahrir, disseram funcionários.

O Ministério do Interior, que é encarregado da polícia, disse nesta terça que 66 pessoas foram presas em conexão com a violência do dia anterior. El-Khateeb afirmou que mais de 80 ficaram feridos nos confrontos de segunda.

‘Campanha de intimidação’

A rede pan-árabe de televisão Al-Jazeera acusou as autoridades egípcias nesta terça de promover uma campanha contínua de intimidação contra suas equipes e rejeitou as acusações de parcialidade pró-islâmica na cobertura da crise no Egito.

Horas após os militares egípcios destituírem Morsi em 3 de julho, as forças de segurança invadiram os escritórios da Al-Jazeera no Cairo , que fontes militares acusaram, no momento da transmissão, de "incitação".

Com sede no Catar, país do Golfo Árabe visto como simpático à Irmandade Muçulmana, a Al-Jazeera foi criticada por muitos egípcios por seu viés na cobertura de seu país.

A Al-Jazeera disse que as autoridades têm "apertado o controle sobre a liberdade de funcionários da Al-Jazeera" durante as últimas três semanas. Em um comunicado, a rede afirmou que as autoridades egípcias tinham iniciado um processo judicial sob a alegação de que a rede árabe havia roubado dois feeds de transmissão da televisão estatal e os usado para transmitir os protestos na praça onde partidários de Morsi estão acampados.

A rede de televisão, que ganhou destaque por sua cobertura ao vivo de uma região outrora dominada pela mídia estatal, também disse que seus funcionários eram impedidos de cobrir coletivas oficiais e recebiam inúmeras ameaças.

"Não há verdade no que está sendo publicado nessa campanha sobre a parcialidade da Al-Jazeera a favor de um lado da equação política atual. Essas são acusações sem prova", disse o comunicado.

Ghassan Abu Hussein, um porta-voz da Al-Jazeera, disse: "Apesar dos desafios enfrentados pela rede no Egito, a Al-Jazeera afirma seu compromisso com sua política editorial, baseada nos mais altos níveis profissionais e uma cobertura em que integridade, objetividade e equilíbrio são óbvios."

Hussein disse que a rede está preocupada com a vida, a segurança e a liberdade de seus funcionários por causa da "campanha" egípcia contra ela.



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