Futebol

De bengala, Pelé abre a casa e vê Neymar ‘preocupado em aparecer’

Santos


20/02/2013

{arquivo}O Rei está de pé. Com a ajuda de uma bengala, é verdade, mas o objeto apenas apoia Pelé em uma recuperação que vem desde o dia 10 de novembro. Naquela data, ele operou o quadril para corrigir o desgaste da cabeça do fêmur direito, e colocou uma prótese. O osso do local ele guardou de lembrança. E precisou de quase três meses de reclusão para ficar novamente bem. Brincou com a situação e avisou que, aos 72 anos, está de volta, em entrevista ao Esporte Espetacular, que vai ao ar neste domingo, na TV Globo. No papo com o repórter Renato Ribeiro, ele falou também que Neymar deve pensar mais no futebol, elogiou a volta de Felipão ao comando da seleção brasileira e colocou Messi abaixo de Maradona e Di Stéfano. Confira!

Visite a página do Esporte Espetacular

– Já joguei o andador, as muletas e agora estou só de bengala. Já dou minhas sambadinhas. Olha como essa bengala é mágica: segura o Tchan, amarra o Tchan… (brinca dançando um pouco). Graças a Deus já estou na bengala e com mais duas semanas vou estar aí no futevôlei com a moçada. Vai pro terceiro mês, passa rápido – sorriu o Rei, que recebeu a equipe do EE em sua casa no Guarujá, litoral de São Paulo.

A decisão de operar o quadril veio após receber um prêmio na França. Precisou encarar degraus e disfarçou a dificuldade sempre com bom humor. Mas entendeu que era a hora de resolver a questão.

– Para subir ao palco, os jogadores subiam correndo por uma escada. Eu olhava e dizia: caramba, como vou subir isso. Eram seis degraus. Eu subia um, mandava um beijo, subia outro, mandava outro beijo.

O tempo em casa rendeu uns quilos a menos e muita inquietação de Pelé. Ele brincou até com Ronaldo, que participou do Medida Certa, quadro do Fantástico para estimular o emagrecimento.

– Puxa vida, eu joguei trinta anos, joguei com o Cosmos, nunca tinha ficado dois meses sem ter que fazer nada, deitado. Sem botar um pezinho na bola, sem dar uma cabeçadinha. Como fiquei esse tempo todo parado, decidi fechar a boca, senão teria que fazer o Medida Certa, igual ao Ronaldo.

A filha Flávia, fisioterapeuta, cuida da recuperação do pai, espera que em até três meses ele volte a chutar uma bola. Diz que ele obedece na hora dos exercícios, mas Pelé não gosta muito disso não.

– Vocês não sabem o que ela me faz sofrer lá dentro (risos). Devia ser o contrário, mas eu que sou o pai é que fico ouvindo minha filha.

Mas a recuperação não foi o único assunto de Pelé com o repórter Renato Ribeiro. O futebol não poderia ficar fora do papo. Enquanto se recuperava, o Rei passou muito tempo vendo jogos pela TV. E observou Neymar com atenção redobrada. Pediu que o atual craque do Santos tenha mais cautela, apareça menos e se preocupe mais com o futebol. Para Pelé, Neymar não está pronto para a Europa ainda.

– Eu acho que o Neymar se empolgou um pouco. A euforia de ter sido um jogador de maior expressão. Ele está se preocupando com a vaidade de aparecer e esquecendo um pouco a equipe. Além disso, não está preparado para jogar na Europa, e onde ia jogar? Falava-se em Inglaterra e Itália. Para ele, Itália, Alemanha e Inglaterra não seriam bons países. Espanha e França têm um futebol mais técnico. Eu joguei minha vida toda no Santos, para quê sair (risos)?

Pelé também comentou o retorno de Felipão à seleção brasileira. Gostou, mas acha que há pouco tempo pela frente. Aproveitou para "cornetar" a presença de Ronaldinho Gaúcho e reforçou que o trabalho de Mano Menezes fez com que o Brasil perdesse tempo.

– Infelizmente, tivemos um tempo longo de experiência e não montamos uma equipe. Como todo o tempo que ficou o Mano, infelizmente foi um tempo perdido. Toda seleção tem que ter um jogador experiente, mas só porque tem nome pode prejudicar. Acho que se a Seleção ficar formada, pode até ser. Como ele entrou não dá, ficou difícil na posição que ele está jogando. Acho que para estar entre os 22, aí sim, é importante.

Se Neymar ainda precisa de conselhos do Rei, Messi está em outro patamar, comparado por Pelé a Di Stefano e Maradona. Mas ainda está atrás dos outros dois argentinos.

– Eu acho que o Maradona era um jogador muito completo e acho o Messi mais sério como atleta, como jogador. O Messi teve uma sorte de pegar o Barcelona. Mas pra fazer a comparação na mesma medida, acho que o Di Stefano foi melhor do que todos eles. Depois Maradona. Messi está chegando lá.



Os comentários a seguir são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.
// //