Futebol

Contrato com TV isola Corinthians na elite

Na elite


04/11/2013

As receitas dos clubes brasileiros aumentaram 32% em 2012, de acordo com estudo do banco Itaú BBA. Essa tendência de crescimento se estabeleceu em 2010, e desde então as receitas sobem em média 29% ao ano. Os valores são animadores, mas há um lado preocupante: o aumento da distância entre ricos e pobres, o que pode diminuir o número de candidatos ao título e prejudicar o Brasileirão.

“A vantagem financeira do Corinthians sobre os demais passou a ser grande e vai se ampliar com o passar dos anos, podendo gerar um efeito de ‘Espanholização’, se mantidas estas condições a longo prazo”, diz o Itaú BBA, citando o futebol espanhol, onde Real Madrid e Barcelona estão muito acima dos rivais em termos financeiros e futebolísticos.

A “Espanholização” ainda não começou, tanto que a concentração de renda entre os cinco clubes mais ricos do Brasil diminuiu. Em 2011, a elite detinha 48% do total das receitas, e em 2012 a porcentagem caiu para 44%. Só que o índice, segundo o Itaú BBA, é enganoso, pois os clubes de fora do top 5 dependem muito da TV. “Os contratos de publicidade, bilheteria e mesmo venda de atletas são substancialmente menores que nos clubes de maior torcida”, diz o estudo.

É justamente o contrato de TV que pode levar o Corinthians a se distanciar dos demais clubes. “As receitas de TV do Corinthians em 2011 e 2012 foram 42% maiores que as receitas do Flamengo , segundo maior arrecadador, e elas são praticamente o dobro (93%) das receitas do 4º colocado, o São Paulo ”.

Para se manter no topo, porém, o Corinthians depende de vitórias em campo, e a ausência na Libertadores 2014 é um problema nesse sentido. Melhor para clubes como Grêmio , Atlético-MG e Botafogo , que aumentaram bastante suas receitas em 2012 e podem repetir a dose nos próximos anos, pois estão bem no Brasileirão e podem jogar a Libertadores no ano que vem.

Contas em dia

O aumento das receitas mostra que o futebol brasileiro aprendeu a ganhar dinheiro. Outra análise, ainda mais animadora, mostra que os clubes também aprenderam a gastar. “Os custos têm aumentado abaixo das receitas, o que significa que os clubes, na média, estão aprendendo a lição de gastar apenas o que se arrecada”, diz o Itaú BBA.

Com a balança pendendo a favor dos clubes, é possível aumentar o investimento em ativos que geram mais retorno a longo prazo, como estrutura e categorias de base. Aí se encaixam a reforma e a construção de centros de treinamento e a renovação de estádios, como Beira-Rio, Arena Grêmio e Morumbi. “Em termos de estrutura, o crescimento médio foi de 49% entre 2010 e 2012”, diz o relatório.

As categorias de base, que são foco dos clubes há mais tempo, também tiveram crescimento expressivo de 40% entre 2010 e 2012. “Os clubes entenderam que formar jogador é mais barato e pode trazer mais retorno que apenas buscá-los prontos no mercado”.



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