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“Com religião se brinca sim”, diz Fábio Porchat sobre especial do Porta dos Fundos

Ator polemizou ao participar de especial de Natal onde foi encenado um Jesus supostamente gay.


30/12/2019

Brasil 247



O ator Fábio Porchat, do Porta dos Fundos, defende a sátira a qualquer tipo de assunto, em artigo publicado nesta segunda-feira, no jornal O Globo.

 

Segundo ele, “com religião se brinca sim. Com qualquer uma. Se brinca com religião, com futebol, com política, com a minha mãe, com o Detran, com o que você quiser. Isso não sou eu que estou dizendo, é a Constituição brasileira. A ‘lei de Deus’ não existe para o nosso país. Ela existe para o indivíduo. Com religião VOCÊ não brinca e eu respeito isso. Mas a sua lei pessoal não pode valer pra mim, pra minha mãe, pro Detran… Como você leva a sua vida é problema seu; como eu levo a minha, meu. Até porque o que é sagrado pra você, não é pra mim e vice e versa. Sátiras são fundamentais para que uma sociedade democrática (como, por acaso, ainda é o Brasil) possa rir de si mesma. Ah, Fabio, mas se eu fizer uma piada com a sua família, dizendo que eles são todos uns imbecis e babacas, você vai gostar? Não, não vou. Mas você pode fazer”, diz ele.

 

“Satirizar a Bíblia, olhe só, não é contra a lei. Chutar a Nossa Senhora é contra a lei. Depredar centros de Umbanda é contra a lei. Dizer que você tem que parar de tomar remédio e só quem cura é Deus é contra a lei. Jogar coquetel-molotov em uma produtora porque não gostou do que ela produziu é contra a lei. E veja, brincar com a imagem de Deus não é intolerância. Intolerância é não querer deixar que brinquem. Impedir alguém de professar a sua fé, de acreditar no que quiser acreditar — porque existem várias religiões, sabia? —, de demonstrar a sua fé, isso é intolerância”, diz ainda o artista.

 

“Eu, particularmente, não acredito em nada, mas acho Jesus um cara ótimo. Do bem, pregando o amor, nos fazendo pensar no próximo… Gosto muito de Buda, também. Se tivesse uma eleição da melhor entidade, eu cravava meu voto em Iansã. Acho linda a ideia de podermos acreditar em diferentes seres, lendas e divindades e levar uma vida melhor por conta disso”, pontua.

 

“Mas vale a reflexão: o Porta dos Fundos fez Especial de Natal em 2013, 14, 15, 16, 17, 18 e nunca houve nenhuma reação violenta direta. Por que será que, em 2019, algumas pessoas se sentiram à vontade para atirar coquetéis-molotovs na nossa porta? O que mudou neste ano especialmente para que pessoas tivessem essa audácia justamente agora? Eu tenho um palpite. E você?”, questiona.



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