Anselmo Castilho

Advogado e superint. da Funetec/PB.

Paraíba

Outro mundo é possível! E necessário!


20/05/2020

Há sessenta dias estamos convivendo com uma ameaça invisível aos nossos olhos e extremamente ostensiva em sua cominação. Chegou de repente e logo a Organização Mundial da Saúde – OMS declarou que o mundo vive uma pandemia do novo coronavírus. A agência especializada em saúde, na qual se congregam inúmeros renomados cientistas, reconheceu que as estratégias de tentar conter e controlar a disseminação da doença apresentavam-se insuficientes. Deste então, governos sérios e responsáveis têm agido e propagado a única tática; incentivar a pratica do Isolamento Social, em função de mitigar danos e evitar ao máximo as mortes.

Aqui no Brasil o desafio atual não se circunscreve apenas em combater a pandemia. O salteamento às ações de orientação sanitárias imposta pelo governo central relaciona-se a algo mesquinho e desumano para Nação.

Mesmo diante do medo, que é renovado diariamente pela evolução exponencial da Covid-19, o cidadão do bem está instado a utilizar de recursos coletivos em favor dos mais necessitados, já que as ações de Estado são poucas, limitadas e desorganizadas. A convivência com a crise sanitária atual tem gerado iniciativas de protestos e exercício de empatia, com distinção à solidariedade. Temos acompanhado a força do compromisso das pessoas em favor de mitigar a urgência.

As sociedades civis organizadas, constituídas mundo a fora, em contraponto ao Estado ineficiente e ao mercado indiferente, têm promovido ações sociais diretas, ajudando os mais carentes. Assim, produzem resistência, respondendo às necessidades, evidenciando a solidariedade.

Aqui, na Paraíba, temos visto varias iniciativas, destaco uma advinda dos que fazem o Instituto Federal da Paraíba. Os servidores através do Sindicato, da Associação, da Cooperativa de Credito e de sua Fundação de Apoio, incluindo de forma presente e direta a contribuição institucional, empreenderam a campanha IFPB Solidário, incentivando e buscando doações de recursos com o fito de adquirir cestas básicas e, usando o cabedal de conhecimento técnico, produzindo álcool em gel a 70% e detergente líquido, chegando a beneficiar, na primeira ação, mais de 500 famílias.

A percepção é de que a vida cotidiana está em mudança, muito pelo fato do Isolamento Social, dando espaço para reflexão sobre um futuro que se arrime em paradigmas de descontinuação do passado. E, nesse diapasão, a crise sanitária que é vivenciada abre oportunidades de mudanças, evidenciando a necessidade de responsabilidade pública.

Dessa forma, iniciativas que confluem à solidariedade, em momentos de incerteza e dramáticos como os sofridos, nos põem provas de que mudanças são necessárias, mas são complexas já que vai da política à economia, das relações sociais à cultura.

Para além de tudo que esperançamos, a crise causada pela Covid-19 põe a mostra o valor do direito fundamental, como o da saúde, com a ineficiente gestão. Mas, a participação de cidadãos, trabalhadores, usuários, é preponderante à construção de um melhor ativismo institucional. Percebe-se que a mobilização em favor da solidariedade e o exercício da empatia intrinsecamente faz nascer o valor de um sistema universal de saúde pública como vital para o mundo futuro.

A proteção universal da saúde como bem público é tradicionalmente demanda da esquerda. Em sua dimensão global, a pandemia causada pela Covid-19 demonstra a necessidade de reafirmar esse direito e expandi-los para incluir todos, inclusive e principalmente os menos protegidos. Ou seja, passou a ser uma necessidade independente de classe social ou posição ideológica. O Estado tem que se apresentar forte no Bem Público Saúde.

Em mobilização coletiva, sou um daqueles tantos que esperanço que a atenção básica de saúde seja redimensionada e que em um futuro próximo o investimento necessário de hoje se faça permanente a organizar os serviços da rede de saúde. Outro mundo é possível! E necessário!

Anselmo Castilho
Advogado
Maio/2020


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